Três dias depois da abertura das inscrições, 84% das vagas para substituir cubanos no programa Mais Médicos já foram preenchidas, de acordo com balanço do Ministério da Saúde divulgado na manhã desta sexta-feira (23).
Cuba anunciou na semana passada o fim da parceria com o Brasil no programa de ampliação ao atendimento básico à saúde, fixando médicos em regiões com carência desses profissionais. A decisão foi tomada após declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro.
Para evitar a falta de atendimento em 2.824 municípios e 34 comunidades indígenas, o Ministério da Saúde abriu um edital às pressas. O objetivo é convocar médicos que possam atuar nos locais onde estavam os cubanos.
Ao todo, 8.517 vagas foram abertas nesta semana, sendo que 7.154 já foram preenchidas, o que equivale a 84% do total. Quase 20 mil médicos se inscreveram no edital.
Os médicos que se inscreveram - que, segundo exigiu esse primeiro edital, possuem registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) - podem começar a atender nas unidades de atenção básica à saúde a partir desta sexta-feira. O prazo máximo para o início do trabalho é 14 de dezembro.
"Com a alta procura e a apresentação imediata do médico ao município, a expectativa é de suprir a ausência do médico cubano com o médico com CRM o mais rápido possível", afirmou o ministro da Saúde, Gilberto Occhi.
O balanço do Ministério da Saúde surpreendeu positivamente o presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), Mauro Junqueira, que estava preocupado com a ausência de atendimento nos locais antes ocupados por cubanos.
Segundo ele, mais de 100 vagas nos distritos indígenas, lugares preteridos nos últimos anos, já foram preenchidas, o que reflete uma conscientização dos médicos brasileiros ou dos estrangeiros que revalidaram o diploma no país.
"É um sinal de que os brasileiros reagiram muito bem", comentou.
Junqueira, no entanto, faz um apelo para que os profissionais já selecionados não esperem até o prazo limite para começarem a atender nas unidades de saúde.
"Isso é muito importante para que possamos diminuir o número de dias sem médicos nesses locais", afirmou, lembrando que muitos cubanos pararam de trabalhar nesta semana.
Cubanos, por orientação do governo do país caribenho, começaram a deixar o país nesta quinta-feira.
Diante de instabilidade relatada no sistema para concorrer às vagas abertas após a decisão de Cuba, o Ministério da Saúde prorrogou o prazo até 7 de dezembro.
Nesse período, ainda ficarão disponíveis 1.363 oportunidades para participação no programa Mais Médicos.