A Associação Médica Brasileira (AMB) afirma que irá receber mais dois médicos cubanos que desistiram do programa Mais Médicos, do governo federal. Segundo nota da associação, os profissionais da saúde desistiram devido à condição de "trabalho análogo à escravidão” imposta pelo projeto, mas só detalharão os motivos da desistência na quarta-feira.
A AMB criou em fevereiro o Programa de Apoio ao Médico Estrangeiro que, segundo a associação, visa a proteger a liberdade e integridade dos profissionais que vieram de outros países para trabalhar no Brasil. O programa auxilia também aqueles que desejam solicitar refúgio ou asilo político.
O primeiro caso de deserção de cubanos do programa foi o da médica Ramona Rodriguez. Lotada inicialmente no município de Pacajá, no Pará, Ramona fugiu para Brasília e pediu ajuda a parlamentares da oposição. Segundo ela, o episódio ocorreu quando descobriu que recebia apenas os US$ 400 enquanto médicos de outras nacionalidades ganhavam R$ 10 mil por mês.
O salário pago aos cubanos é igual aos dos demais médicos, mas a maior parte fica com o governo da ilha. Os médicos recebiam US$ 1 mil – sendo US$ 400 para suas despesas no País e o resto para quando voltassem a Cuba. Após a série de deserções, o governo aumentou em março o pagamento direto para US$ 1.245 por mês, cerca de R$ 3 mil, sem contar benefícios de hospedagem, transporte e alimentação pagos por prefeituras.
ENTENDA O 'MAIS MÉDICOS' |
- Profissionais receberão bolsa de R$ 10 mil, mais ajuda de custo, e farão especialização em atenção básica durante os três anos do programa. |
- As vagas serão oferecidas prioritariamente a médicos brasileiros, interessados em atuar nas regiões onde faltam profissionais. |
- No caso do não preenchimento de todas as vagas, o Brasil aceitará candidaturas de estrangeiros. Eles não precisarão passar pela prova de revalidação do diploma |
- O médico estrangeiro que vier ao Brasil deverá atuar na região indicada previamente pelo governo federal, seguindo a demanda dos municípios. |
- Criação de 11,5 mil novas vagas de medicina em universidades federais e 12 mil de residência em todo o País, além da inclusão de um ciclo de dois anos na graduação em que os estudantes atuarão no Sistema Único de Saúde (SUS). |