Mandetta critica orientação da OMS e diz que Brasil testará apenas pacientes com sintomas

18 mar 2020 - 20h04

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta quarta-feira que o governo brasileiro continuará testando apenas pessoas que manifestem sintomas do coronavírus e criticou a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que sejam feitos testes em massa de contaminação pelo coronavírus

Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. 11/3/2020. REUTERS/Adriano Machado
Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. 11/3/2020. REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Em entrevista coletiva ao lado do presidente Jair Bolsonaro e de outros ministros, Mandetta disse que a orientação da OMS é um desperdício de recursos e que não existe no mundo quantidade suficiente de kits de exame para testar toda a população que a entidade sugere.

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"Tudo que é comentado na história das epidemias é fazer as testagens até que você tenha transmissão sustentável. E a partir do momento que você tem transmissão sustentável, fazer por sentinela e amostragem", disse Mandetta.

"A Organização Mundial da Saúde, o senhor presidente da organização, Thedros, ele coloca 'todo o planeta deve fazer o teste de 100% das pessoas'. Do ponto de vista sanitário é um grande desperdício de recursos preciosos para as nações. Segundo, há maneiras de se fazer percepção de quadro clínico, isolamento domiciliar, isolamento de famílias."

A orientação da OMS é de que sejam testadas todas as pessoas que possam ser consideradas suspeitas e, em caso positivo, testar todos que tiveram contato com o caso confirmado nos dois dias anteriores e testá-los também, mesmo sem sintomas.

A alegação da OMS é que mesmo pacientes assintomáticos transmitem a doença. De fato, estudos mostram que boa parte das transmissões vem de pessoas assintomáticas.

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O ministro rejeitou comparações com a Coreia do Sul, que teve sucesso no combate à epidemia do novo coronavírus com testes em massa e isolamento dos casos confirmados e garantiu que o Brasil enfrentará a crise usando conhecimento local e ouvirá seus especialistas.

"Teremos os números da nossa epidemia e poderemos dizer no final quais foram as diferenças. Uma coisa é ter um país como a Coreia, que tem 4 milhões de habitantes, concentrados num país que eu não posso dizer as dimensões aqui, mas que talvez não seja muito maior do que Sergipe, Alagoas Bahia. Totalmente diferente de um continente sul-americano como é o Brasil. Vamos lutar discutindo com os nossos especialistas", afirmou.

"Nós temos também as nossas criticas a esse tipo de atitude que foi tomada pela Organização Mundial da Saúde, onde um mercado que não tem kits, não existe, ele sabe que não tem. Os Estados Unidos da América estão sem kits. Não é uma situação para se pensar melhor?", questionou.

Mandetta afirmou ainda que os laboratórios centrais de todos Estados estão habilitados para realizar testes localmente. Para o ministro, o país poderá chegar à produção de um milhão de kits de teste nos laboratórios federais e irá também abrir para a produção de outras empresas, além de tentar comprar no exterior quando possível.

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Os testes, disse o ministro, serão prioritariamente usados em pacientes com mais de 65 anos e um segundo tipo, nos pacientes mais jovens.

Em diversos Estados há relatos de pacientes com sintomas não sendo testados. O primeiro óbito, um homem em São Paulo, não estava entre os casos confirmados.

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