A Marcha da Maconha do Rio de Janeiro teve este ano dois temas: a luta pela liberdade de todos os cultivadores da erva que estão presos e a solidariedade às vítimas da guerra às drogas. O advogado André Barros, autor da representação no Supremo Tribunal Federal (STF) que descaracterizou a marcha como uma apologia ao uso da maconha, disse que há no Rio de Janeiro, atualmente, 20 pessoas presas por causa da produção da planta.
Para ele, a prisão é uma farsa porque muitas vezes o material recolhido inclui a planta completa e até a terra onde ela está sendo cultivada. “Colocam em uma balança e dizem que ali tem dois quilos. Só que a substância proibida que é o THC só existe na flor da planta fêmea, então eles não podem colocar na hora da pesagem toda a planta. Os juízes estão julgando sem conhecimento da prova material do crime”, explicou.
A advogada Margarete Brito, mãe de Sofia, de 6 anos, estava na frente da marcha, empurrando o carrinho de criança em que transportava a filha que tem epilepsia refratária. Assim como ela, outras mães também carregavam os filhos defendendo o uso medicinal da maconha. “Houve evolução: o eletroencefalograma da minha filha é outro antes e depois do tratamento com a maconha. Ela melhorou muito, ficou mais esperta, mais atenta, sorri mais”, contou.
De acordo com Margarete, o tratamento na rede pública costuma demorar um ano entre a sentença do juiz e a liberação pelo Estado. A advogada destacou, no entanto, que o tratamento, apesar de liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sai muito caro porque é preciso importar o medicamento. Segundo ela, o custo varia de R$1,5 mil a R$ 5 mil.
“A gente está lutando este ano pela produção no Brasil do extrato de maconha que a gente compra absurdamente caro. Então, a nossa luta este ano é pela regulamentação do cultivo no Brasil”, contou.
Segundo o major Dias, que comandou o policiamento da PM, a concentração da 12ª edição da Marcha da Maconha do Rio de Janeiro reuniu cerca de 150 pessoas, na altura do Jardim de Alah, na pista da orla na divisa entre as praias do Leblon e de Ipanema. Quando os manifestantes começaram a caminhada o major avaliou que já eram 350 pessoas. Pelos cálculos dos organizadores, naquele momento, eram cerca de mil pessoas.
A Marcha da Maconha do Rio de Janeiro começou em 2002 e já sofreu com ações de censura pelo judiciário fluminense, que classificou a manifestação como um ato de apologia às drogas. Em
2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu derrubar a proibição da Marcha da Maconha, como apologia ao uso do produto, considerando que se enquadra na liberdade de expressão e manifestação. "Ninguém mais pode interpretar que a Marcha da Maconha é um movimento de apologia ao crime", disse o advogado André Barros.