Os pré-candidatos nas eleições a presidente da República se manifestaram neste domingo sobre o habeas corpus concedido pelo desembargador Rogério Favreto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Horas mais tarde, diante da decisão de Favreto, o juiz federal Sergio Moro publicou um despacho afirmando que o desembargador não tem competência para soltar o petista e mandou que a PF não cumprisse a ordem. Lula está preso há mais de 3 meses na carceragem da corporação, em Curitiba, condenado a 12 anos de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
Na sequência, o desembargador João Pedro Gebran Neto suspendeu a soltura do petista, argumentando que o habeas corpus deveria ter ser enviado para ele, que é relator do caso de Lula.
Crítico à decisão de habeas corpus, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) publicou um vídeo nas redes sociais criticando Favreto. "Quase todas as instituições estão aparelhadas", disse. "A questão ideológica é pior que a corrupção". Bolsonaro afirmou, ainda, que o desembargador foi filiado ao PT por 20 anos.
Já a ex-senadora Marina Silva (Rede) também criticou a decisão do desembargador. Disse que acompanha "com atenção e preocupação" os últimos acontecimentos.
"A atuação excepcional do magistrado, durante um plantão judicial de fim de semana, não sendo o juiz natural da causa, não deveria provocar turbulências políticas que coloquem em dúvida a própria autoridade das decisões judiciais colegiadas, em especial a do Supremo Tribunal Federal", escreveu Marina, em nota.
Bolsonaro e Marina são os dois pré-candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais.
Levantamento do Ibope divulgado no fim de junho, contratado pela Confederação Nacional das Indústrias, mostrou que 33% dos entrevistados disseram que votariam em Lula, contra 15% de Bolsonaro, Marina, 7%, e Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), 4% cada.
No cenário estimulado sem Lula, Bolsonaro marca 17%, Marina, 13%, Ciro, 8% e Alckmin 6%. A pesquisa não é comparável com anteriores porque os cenários testados são diferentes..
Também pré-candidato à Presidência, o senador Álvaro Dias (Podemos) afirmou nas redes sociais que o habeas corpus "anarquiza o Judiciário e causa indignação e revolta na sociedade".
Segundo ele, Favreto é um desembargador "aloprado que serviu a governos petistas, como o de Tarso Genro e do próprio Lula."
O tucano Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, afirmou que "manter Lula ou qualquer outro cidadão brasileiro preso não pode ser uma decisão política, mas sim da Justiça".
No Twitter, ele escreveu: "O Brasil precisa de ordem e segurança jurídica em todas as áreas. Não podemos transformar o sistema de Justiça em fator de instabilidade. Ao contrário, o Judiciário deve ser ponto de equilíbrio."
O pré-candidato João Amoedo (Novo) também se manifestou contra a decisão. "Um absurdo! O desembargador se desfiliou do PT em 2010, mas esta decisão mostra que ele continua a trabalhar pelo partido", escreveu, no Twitter.
Por outro lado, pré-candidatos da esquerda se posicionaram a favor da soltura do ex-presidente.
Manuela D'ávila (PC do B) publicou mensagem no Twitter pedindo a liberdade do petista. "Se houver lei neste país, Lula será solto".
Já Guilherme Boulos (PSOL) publicou um vídeo dizendo ser "inadmissível" a posição de Sérgio Moro de não acatar a decisão de Favreto. "Moro está de férias e está desafiando uma instância superior Ele se acha um xerife, se acha acima da lei, das instâncias e do bem e do mal. Ele age politicamente", disse Boulos.
O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, tido por muitos como uma possível alternativa do PT caso Lula não possa ser candidato, apenas compartilhou uma publicação do perfil oficial do ex-presidente no Twitter.
O pré-candidato Ciro Gomes (PDT) não se manifestou sobre o imbróglio até a publicação desta reportagem.