A privatização da Eletrobras deveria ser mais debatida com a sociedade e não há um plano claro sobre o futuro da empresa, disse nessa quinta-feira a pré-candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva.
Marina disse ser um " problema" se pensar vender um ativo público para "para tapar o rombo da dívida pública" causado por erros, segundo ela, dos governos Dilma Rousseff e Michel Temer.
Ao ser questionada se era contra a venda da Eletrobrás, a pré-candidata ponderou não se opor a privatizações, mas defendeu que se tenha clareza sobre o que vem a seguir.
"Não tenho nenhum problema com privatizações, elas podem acontecer… o problema é o sinal que o governo dá", disse Marina a jornalistas, após participar de evento no Rio de Janeiro.
"Ele (governo) está dizendo que vai continuar com grandes hidreléticas na Amazônia? Que a matriz energética brasileira vai ser com base em hidreletricidade e está dispensando a energia eólica, solar e biomassa?", acrescentou. "Tem que ser transparente com a sociedade e com a empresa… tem que saber qual é o plano. O ideal seria fazer o debate."
O governo enfrenta dificuldades no Congresso para aprovar o projeto de lei de privatização da Eletrobrás e alguns congressistas levantam dúvidas sobre a viabilidade do processo em um ano eleitoral. Para o presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Jr., a janela de maio desse ano para a desestatização já foi perdida, restando uma segunda janela em novembro.
Marina, por outro lado, apoia os leilões de petróleo, tanto no modelo de partilha como no de concessão, que se intensificaram no governo Temer.
"Não tenho problema em manter contrato e respeitar contrato e fazer leilões idôneos", disse a ex-senadora. "Os recursos que vão vir têm que se investidos corretamente na saúde, educação no caso do pré-sal."
ESTRUTURA
Marina, que vai para sua terceira campanha presidencial, pode ter dificuldades para alavancar sua candidatura por conta da falta de recursos, tempo de TV e pequena estrutura partidária.
A pré-candidata, que na eleição passada foi alçada à condição de cabeça de chapa após a morte do ex-governador Eduardo Campos, disse que está acostumada com a falta de "abundância" de verbas e tempo de TV.
Desta vez, ela corre o risco de sequer participar dos debates entre os candidatos na TV.
Pelas regras aprovadas pelo Congresso, a participação de um pré-candidato está garantida apenas se o partido tiver pelo menos cinco parlamentares (entre deputados federais e senadores). O partido de Marina tem apenas dois deputados e um senador. Caso o candidato não tenha o mínimo, sua participação depende da concordância dos outros candidatos.
"Tem que ter o aceite dos demais; se não tiver, paciência. A lei é para todos. Vou debater com a sociedade", disse ela que afirmou que conversa sobre possíveis alianças , mas garantiu que só fará acordos programáticos.