O mecânico Fabio Junior Hrenzer Santos, de 42 anos, contou ao jornal O Globo detalhes da conversa que teve com o filho, de apenas 5 anos, que sobreviveu ao atentado na Creche Cantinho Bom Pasto, em Blumenau, Santa Catarina. O menino, que não teve a identidade revelada, falou que um "homem mau" entrou na escola e o agrediu.
"Meu menino foi um herói. Mesmo ferido, ele correu. Ele disse: 'pai, um homem mau me deu um soco, eu não sei porque, e a professora me mandou correr'", conta Fabio. O mecânico ressaltou que os pais estão sendo aconselhados pela psicóloga para não reviver o momento do ataque com as crianças, mas o menino deu o relato espontaneamente.
A criança foi atingida no rosto, mas não teve nenhuma área vital afetada e também recebeu alta nesta quinta-feira, 6, junto com outras quatro crianças que ficaram feridas. Elas estavam internadas no Hospital Santo Antônio.
Ainda ao O Globo, Fabio que recebeu a notícia do atentado por uma mensagem encaminhada no WhatsApp. "Todos os dias levo meu filho para a escola e depois vou trabalhar, e é horrível saber que ele não está seguro. A Justiça também falhou em parar esse criminoso antes, ele tinha passagens pela polícia e continuou solto até cometer essa atrocidade", diz o pai.
Entre as crianças sobreviventes, o medo impera. Segundo Fabio, todos os pais estão relatando que elas não querem voltar à escola. "Nós sabemos que o problema não é o lugar, porque todas as professoras e a diretora são pessoas muito amorosas, que cuidam muito bem das crianças, mas as crianças não entendem ainda. É triste demais. Precisamos ter reforço de segurança nas escolas", considera.
Ainda nesta quinta, o prefeito de Blumenau, Mario Hildebrandt, anunciou medidas de reforço à segurança nas escolas. A prefeitura disse que "busca junto ao governo de Santa Catarina a contratação de policiais militares aposentados da reserva para segurança armada nas unidades". O município também analisa contratar vigilância particular armada.
As medidas foram divulgadas após reuniões com as polícias civil e militar, o Ministério Público e o Corpo de Bombeiros do Estado. A prefeitura afirma que ainda vai revisar os muros e o cercamento das unidades; melhorar o controle e acesso de pessoas nas escolas e centros educacionais da rede municipal; instalar câmeras em todas as unidades; elaborar um plano de contingência pela Secretaria de Defesa Civil e Secretária de Educação; e ampliar as equipes multidisciplinares, com psicólogos e assistentes sociais.