Não bastasse os 7 a 1 sofridos durante a Copa do Mundo de 2014, o Estádio Mineirão vai guardar mais uma mancha em sua história. Isso porque, segundo o empresário Joesley Batista, a compra de ações de uma construtora, dona de parte do estádio, foi a solução encontrada pelo governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), para tentar dar um aspecto legal para a entrega de R$ 30 milhões. A quantia seria propina paga ao petista, que nega envolvimento.
O contrato de compra e venda das ações foi firmado entre a construtora HAP Engenharia e a J&F Investimentos. Pelo documento, a empresa de Joesley, pagou esse valor à construtora para ter 3% de participação no Mineirão.
A exemplo da ação que culminou com a prisão dos ex-governadores do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM) e Agnelo Queiroz (PT), uma investigação do Tribunal de Contas de Minas Gerais revelou, em 2011, que a reforma do Mineirão também foi superfaturada. Em auditoria feita pelo TCE/MG analisou R$ 29,3 milhões gastos entre setembro e novembro de 2010.
Outro lado
Em sua defesa, Fernando Pimentel afirmou que a negociação seguiu os trâmites legais e que não houve nenhum repasse ao partido ou ao político. Ele classificou a afirmação do delator como leviana e mentirosa e sem provas ou evidências materiais.
A HAP Engenharia confirmou a venda e o valor, mas negou que tivesse repassado a quantia a político ou partidos políticos. A empresa diz ainda que a negociação precisa do aval de instituições financeiras e que isso não ocorreu desde a formalização da venda das ações.
Esse não é o primeiro suposto envolvimento da HAP Engenharia com obras realizadas durante a gestão petista em MG. Em 2004, quando ainda era prefeito de Belo Horizonte, Pimentel mais que dobrou o pagamento pela construção de 1,5 mil casas, segundo o Ministério Público Estadual. Orçada em R$ 12,7 milhão, o custo da obra saltou para R$ 26,7milhões.