Ministro: governo quer conhecer Black Bloc para atuar contra vandalismo

29 out 2013 - 19h04
(atualizado às 19h04)
<p>Integrantes do Black Bloc entram em confronto com policiais militares em protesto em São Paulo</p>
Integrantes do Black Bloc entram em confronto com policiais militares em protesto em São Paulo
Foto: Bruno Santos / Terra

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse nesta terça-feira que o governo está acelerando a busca de um diagnóstico mais preciso sobre o movimento Black Bloc no Brasil para ter uma atuação mais eficaz contra ações de vandalismo durante manifestações populares no País. Segundo ele, é preciso ir à raiz do problema para resolvê-lo.

"Estamos em diálogo com a polícia, com as autoridades dos Estados e também com a sociedade, com os movimentos juvenis, buscando ter rapidamente esse diagnóstico, porque a simples criminalização imediata não vai resolver", disse Carvalho.

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Segundo o ministro, a polícia deve fazer o combate à destruição, mas é preciso conhecer mais o movimento Black Bloc, que vem atuando nos protestos pelo País desde junho. Ele disse que uma das maiores dificuldades é ausência de interlocutores do movimento para dialogar com o governo.

"A linguagem aparente, insisto, aparente, é muito da destruição, da negação. Agora nós precisamos, de alguma forma, ter alguma ponte. Estamos buscando com muita força esse diálogo para que consigamos achar uma saída eficaz, porque a repressão é necessária, mas só reprimindo não vamos resolver na profundidade o problema", disse.

Carvalho disse que concorda com a afirmação de algumas pessoas sobre a população ter ficado, de certa forma, "refém" do movimento. "O próprio esvaziamento das manifestações mostrou isso. A população começou a recuar frente à violência", disse. "O que nós queremos é impedir a violência, mas, ao mesmo tempo, ir à raiz do problema para entender essa questão e tomar medidas que resolvam."

Black Bloc é o nome dado a uma estratégia de manifestação e protesto anarquista, na qual pessoas que têm afinidades, mascaradas e vestidas de preto, se reúnem durante as manifestações. O grupo tem atuado principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo.

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Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus. A mobilização surtiu efeito e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas – o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritiba,

SalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. "Essas vozes precisam ser ouvidas", disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

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Agência Brasil
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