O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de cinco dias para que a Polícia Federal tome depoimento do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para explicar declarações dadas em reunião ministerial no dia 22 de abril, em que afirmou que botaria esses "vagabundos" na cadeia, "começando no STF", conforme decisão divulgada nesta terça-feira.
"Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF", disse o ministro da Educação, no encontro, chegando a apontar, conforme vídeo do encontro, para o prédio do Supremo, que fica em frente ao Palácio do Planalto.
Na decisão, Moraes disse que a manifestação de Weintraub revela-se "gravíssima, pois, não só atinge a honorabilidade e constituiu ameaça ilegal à segurança dos ministros do Supremo Tribunal Federal, como também reveste-se de claro intuito de lesar a independência do Poder Judiciário e a manutenção do Estado de Direito".
O ministro do STF cita que há indícios de crimes como difamação e injúria e crimes previstos na Lei de Segurança Nacional. A decisão de Moraes foi tomada no curso do inquérito que investiga ameaças, notícias fraudulentas (fake news) e outros ataques feitos contra a corte e seus membros.
A fala do ministro da Educação foi revelada em vídeo da reunião divulgado por determinação de outro ministro do STF, Celso de Mello, no curso do inquérito em que investiga se o presidente Jair Bolsonaro, segundo o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, tentou interferir na Polícia Federal.
Procurada, a assessoria de imprensa do ministro disse que ele ainda não foi notificado da decisão.