"Morreu dando a vida para outro", diz viúva de ambulante

28 dez 2016 - 13h52
(atualizado às 13h52)
A mulher do vendedor ambulante Luís Carlos Ruas, Maria Aparecida fala com a imprensa em frente ao DHPP, na manhã desta quarta-feira (28).
A mulher do vendedor ambulante Luís Carlos Ruas, Maria Aparecida fala com a imprensa em frente ao DHPP, na manhã desta quarta-feira (28).
Foto: Futura Press

A viúva do vendedor ambulante Luiz Carlos Ruas, Maria Souza Santos, compareceu hoje (28) à Delegacia de Polícia do Metropolitano (Delpom). O suspeito de praticar o assassinato, Ricardo Martins do Nascimento, de 21 anos, foi preso e 14 testemunhas, incluindo duas travestis e um funcionário da bilheteria do metrô, foram convocadas para fazer o reconhecimento. 

"Foi um abalo total. Ele era maravilhoso, tanto que morreu dando a vida para o outro", disse a viúva.

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"Quero que ele [Ricardo] pague pelo que fez. Tem uma família chorando, ele me deixou sozinha no mundo. Ele [Ruas] não merecia morrer do jeito que ele morreu, o rosto dele estava todo estourado, eu não tive coragem de ver", lamentou. "Eu quero perguntar para o cara [Ricardo] porque ele fez isso com uma pessoa tão boa", disse.

A irmã da vítima, Maria de Fátima Ruas, disse que o irmão estava trabalhando no domingo de Natal (25) para pagar o imposto do carro, que estava retido. "Eu não estou aguentando, não estou suportando de dor, meu coração está sangrando. Vamos fazer justiça", disse.

"Eu não sou má pessoa"

Mais cedo, Ricardo lamentou o ocorrido e disse que se pudesse faria algo para ajudar a viúva do ambulante. "Eu não sou má pessoa", disse. O acusado foi preso às 21h de ontem (27) na casa de um amigo em uma favela do município de Itupeva, região de Campinas.

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O outro suspeito de ter participado do crime, o primo de Ricardo, Alípio Rogério Belo dos Santos, de 26 anos, continua foragido. "Estamos com equipes nas ruas e não vamos parar, porque isso revoltou todos os policiais. Era [ o vendedor] uma pessoa humilde, que foi defender as travestis, prestar solidariedade, e acabou pisoteado, morto por esses dois covardes", disse Osvaldo Nico, diretor do Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas.

Ricardo disse que a confusão começou após o seu primo levar uma garrafada na cabeça.

"Não acredito nisso, eles estão tentando reverter, mas as imagens estão claras, a covardia que eles fizeram", disse Nico. "Ele está contando uma história, que, para mim, não convence".

Crime 

Luiz Carlos Ruas foi espancado e morto às 22h25 de domingo, noite de Natal. Segundo testemunhas, o ambulante vendia salgados e refrigerantes do lado de fora da estação quando dois homens se desentenderam com ele e passaram a agredi-lo. O ambulante defendia moradores de rua, incluindo duas travestis, que também foram agredidas pelos dois suspeitos.

O vendedor tentou correr até a bilheteria da estação na Estação Pedro II do metrô, mas foi atingido por vários golpes e caiu no local. Ele foi socorrido e levado a um hospital por agentes de segurança do Metrô, mas não resistiu aos ferimentos.

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Agência Brasil
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