O vice-presidente Hamilton Mourão admitiu nesta sexta-feira, 29, que o presidente Jair Bolsonaro não irá ao encontro de líderes da COP26, conferência sobre mudanças climáticas, por causa das críticas que receberia em relação à Amazônia.
"É aquela história: sabe que o presidente Bolsonaro sofre uma série de críticas, então ele vai chegar em um lugar em que todo mundo vai jogar pedra nele", disse Mourão. "Está uma equipe robusta lá, com capacidade para, vamos dizer, levar adiante a estratégia de negociação."
O desmatamento e as queimadas na Amazônia bateram recordes desde o início do governo de Jair Bolsonaro e, apesar da estimativa de uma pequena queda, de 5%, no período entre agosto de 2020 e julho de 2021, dados desde janeiro deste ano apontam para um novo aumento.
O vice-presidente, no entanto, atribui as críticas a questões de competição econômica internacional e também ao fato do governo brasileiro ser de direita, quando a maior parte dos ativistas ambientais seria de esquerda.
"A gente sofre crítica, já falei, por três fatores. Sempre repito, existe a questão política, o nosso é um governo de direita, a maioria das pessoas que têm realmente uma consciência ambiental maior são de esquerda, então há crítica política embutida nisso aí", disse.
"Tem a questão econômica, sempre uma busca de uma barreira em relação à pujança do nosso agronegócio, querendo dizer que ele provém de área desmatada da Amazônia, que não é uma realidade. E óbvio a questão ambiental embutida."
O vice-presidente, apesar de ser o presidente do Conselho Nacional da Amazônia e ter coordenado as ações para redução de desmatamento e das queimadas da região, também não vai a COP. Sua viagem foi vetada pelo presidente, que preferiu entregar à chefia da comitiva brasileira ao ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.
Já Bolsonaro chegou nesta manhã a Roma, onde participa no final de semana da cúpula do G20. Mas, na segunda-feira, quando a maior parte dos chefes de Estado que estarão em Roma irão diretamente a Glasgow, onde acontece a COP, para a reunião de líderes que acontece na segunda e terça-feira, o presidente brasileiro ruma para a região de Pádua, no norte da Itália.
Bolsonaro vai visitar a pequena cidade de Anguillana Vêneta, de 20 mil habitantes, de onde emigraram seus bisavós. Uma homenagem a Bolsonaro foi aprovada pela Câmara de Vereadores local, dando-lhe o título de "cidadão honorário", apesar dos protestos de parte da população.
No que seria o segundo dia de negociações dos chefes de Estado na COP26, Bolsonaro irá a outra cidade da região, Pistóia, para visitar um cemitério onde estão enterrados cerca de 500 pracinhas brasileiros que morreram na Segunda Guerra Mundial. As duas visitas constam da programação do presidente na Itália.
Bolsonaro deve chegar ao Brasil de volta na madrugada de quarta-feira, quando o Congresso tentará votar mais uma vez a PEC dos Precatórios para bancar o aumento do Auxílio Brasil pedido pelo presidente.