O vice-presidente Hamilton Mourão admitiu nesta segunda-feira que a operação Verde Brasil 2, em que as Forças Armadas vêm trabalhando no apoio a ações contra o desmatamento na Amazônia, não deve seguir depois de abril e o Conselho da Amazônia trabalha em um planejamento para tentar manter a fiscalização com os recursos existentes.
"Principalmente a partir do momento que as Forças Armadas se retirarem no final de abril, essa é a nossa preocupação, de termos um planejamento com, vamos dizer, com os meios existentes. Porque não adianta a gente querer achar que teremos outros meios, porque não iremos ter", afirmou o vice-presidente durante entrevista no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em que foram apresentados os dados de desmatamento nos últimos 12 meses.
Anteriormente, Mourão havia levantado a possibilidade da operação se estender, a depender do Orçamento de 2021, mas no momento não há essa previsão.
Os militares atuam na região, dentro de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) desde maio deste ano. Ao todo, segundo dados do governo federal, são 3,4 mil homens das três Forças, além de 300 agentes de órgãos de fiscalização.
Segundo o próprio vice-presidente, os militares atuam principalmente no apoio logístico, de transporte e segurança com as equipes de fiscais. A operação foi estendida até abril de 2021 com base em recursos que já foram liberados e empenhados este ano, mas poderão ser gastos até esse prazo. Ao menos por enquanto não há previsão de novo orçamento para 2021.
Mourão reconheceu que há falta de pessoal nas agências ambientais responsáveis pela fiscalização e afirma que o governo estuda uma forma de recompor esse pessoal. No entanto, as medidas fiscais aprovadas pelo governo para superar a crise da pandemia de Covid-19 impedem a realização de concursos nos próximos anos.
Apesar do aumento de 9,5% do desmatamento em relação aos 12 meses anteriores --chegando ao maior valor anual dos últimos 12 anos--, Mourão afirmou que a operação rendeu frutos e que a previsão era de um crescimento muito maior.
"Hoje temos a noção de onde estão ocorrendo os principais problemas e podemos agir antes do ilícito acontecer", afirmou.