O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra fez nesta quinta-feira (5) protestos contra a liberação de uma variedade transgênica de eucalipto. Cerca de mil mulheres, segundo o movimento, ocuparam uma unidade de pesquisa em Itapetininga, interior paulista, onde a FuturaGene e a Suzano Celulose desenvolvem a espécie geneticamente modificada.
A militante Camila Bonassa, que participou do ato, disse que, durante a ação, foram destruídos viveiros de mudas do eucalipto em desenvolvimento.
Em Brasília, militantes ocuparam o escritório da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). A pauta do órgão para reunião de hoje previa apreciação do pedido de liberação da variedade H421. Os desenvolvedores informaram que o eucalipto modificado terá maior produtividade e será usado para indústria madereira.
De acordo com o MST, a variedade consome mais água que as plantas naturais e coloca em risco a produção brasileira de mel. Lideranças do movimento argumentam que a maior parte do produto é feita a partir do eucalipto.
Acrescentam que, com a introdução do transgênico, as abelhas poderiam contaminar a produção com os elementos da nova variedade. Assim, o mel nacional poderia sofrer restrições no mercado internacional, além de possíveis ameaças à saúde dos consumidores e das abelhas.
“O eucalipto transgênico não é liberado em nenhum lugar do mundo, o Brasil seria o primeiro a liberar. Seria uma espécie de cobaia”, criticou Camila Bonassa. Para a ativista, o protesto na unidade da empresa é uma forma de chamar atenção para o modelo de produção de alimentos no País. “É uma ação em defesa da soberania alimentar e produção de alimentos saudáveis”, ressaltou.
A Polícia Militar do município confirmou o chamado pela ocupação, mas ainda não tinha detalhes sobre a ocorrência.
A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a FuturaGene, Suzano Celulose, CTNBio, mas não teve retorno até a publicação da matéria.