A esposa do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, Andrea Haas, enviou uma carta ao ministro da Justiça da Itália, Andrea Orlando, questionando sobre as garantias de segurança de Pizzolato no presídio.
"Ele (ministro) decidiu extraditar Henrique, cidadão italiano, para pagar sua pena de detenção no Brasil e, sendo a sua última e definitiva decisão, é sua responsabilidade sobre o que sucede com o meu marido. Então, lhe peço: quais são as garantias que a Itália oferece para que meu marido não seja a próxima vítima?", escreveu Haas referindo-se às recentes rebeliões ocorridas no Brasil que deixaram quase 100 mortos.
Pizzolato, que tem cidadania italiana, fugiu para o país europeu em setembro de 2013 durante o escândalo do Mensalão antes que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinasse sua condenação. Durante o tempo em que estava foragido, ele foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em fevereiro de 2014, o ítalo-brasileiro foi preso pelas autoridades italianas por uso de passaporte falso na Itália e, após uma longa batalha judicial, foi determinada sua extradição para o Brasil, fato que ocorreu em outubro de 2015. Desde então, o ex-diretor de marketing cumpre pena no presídio da Papuda, em Brasília.
Na carta, Haas destaca que "todos os políticos envolvidos" no Mensalão "estão livres, receberam indultos", mas que "as pessoas que nunca ocuparam uma posição política, como o meu marido, que à época dos fatos era um funcionário de banco" continuam presas. Ela ainda lembrou que há um pedido da defesa de Pizzolato no STF para que ele possa progredir do regime fechado para o semi-aberto, já que teria cumprido um sexto da pena - considerando o período que passou detido no presídio de Modena, na Itália.
"Já tendo adquirido o direito estabelecido pela lei para passar para o regime semi-aberto, do dia 13 de janeiro de 2016, ainda, considerando os pedidos apresentados, está descontando a pena no regime mais rigoroso sem nenhuma justificativa legal", acrescenta a esposa de Pizzolato.
Para justificar seu apelo, Haas afirma que na Papuda "há um agente penitenciário para cada 120 detidos". Haas ainda acrescenta que, depois das rebeliões com mortes, "não posso deixar de temer pela vida do meu marido Henrique, perante o comportamento dos juízes brasileiros que aplicam uma outra pena, além daquela imposta no julgamento, decidindo contra a lei mantê-lo em um regime mais rigoroso, e perante a atitude do presidente do Brasil tratar a morte dos detidos como 'acidente'".
Segundo a esposa do ex-dirigente, o governo brasileiro não está cumprindo com os compromissos assumidos com os italianos e o ministro Orlando "não está atendendo as nossas solicitações".