Na China para G20, Temer destaca 'longa amizade' com líder chinês

2 set 2016 - 09h28
(atualizado às 09h54)
Em primeiro encontro bilateral, presidente brasileiro diz querer intensificar "sólida relação que foi construída ao longo do tempo" com a China
Em primeiro encontro bilateral, presidente brasileiro diz querer intensificar "sólida relação que foi construída ao longo do tempo" com a China
Foto: Getty Images

O presidente Michel Temer se reuniu nesta sexta-feira com o presidente chinês, Xi Jinping, em seu primeiro encontro bilateral após a conclusão do processo de impeachment contra Dilma Rousseff.

Na reunião, buscou destacar a existência de uma amizade prévia entre ambos, já que os dois já tiveram encontros anteriores, na época em que Temer era vice de Dilma.

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O encontro aconteceu em Hangzhou, na China, que sediará nos próximos dias a cúpula do G20 ─ grupo das maiores economias do mundo.

Apenas o início do encontro foi aberto à imprensa ─ e a BBC Brasil foi o único veículo brasileiro a acompanhar.

Em meio à polêmica sobre a troca de governo no Brasil, Temer destacou em sua primeira fala que essa era a quinta vez que se encontrava com Xi Jinping e se disse honrado com o fato de o presidente chinês ter destacado, em seu cumprimento inicial, que ambos "já" eram "amigos".

Um desses encontros anteriores ocorreu quando o peemedebista era presidente da Câmara dos Deputados, e Xi Jinping ocupava outro cargo na hierarquia chinesa.

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"É uma honra que a minha primeira visita ao exterior como presidente da República seja à China. E (fico) mais honrado ainda quando vejo em suas palavras a expressão dizendo de que nós já somos amigos. Tantas e tantas vezes nos encontramos", afirmou Temer.

Não foi possível para os jornalistas compreender durante o encontro o que disse o presidente chinês, já que não foi feita tradução simultânea para a imprensa, apenas para os líderes.

Mas, segundo informou o Itamaraty, Xi Jinping fez um convite para que Temer volte à China para uma visita de Estado ─ ou seja, para um encontro mais aprofundado, sem relação com outro evento internacional como foi o caso dessa vez. O convite já era esperado.

Em seu pronunciamento, Temer disse também que a visita buscava "reiterar o grande apreço que nós temos pela China" e dar continuidade à boa relação entre os dois países.

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"O objetivo desta visita é também reiterar a necessidade de mantermos essa sólida relação que foi construída ao longo do tempo, e dizer que queremos cada vez mais aumentar e incrementar nossas relações bilaterais", reforçou o presidente brasileiro.

Temer estava acompanhado dos ministros das Relações Exteriores, José Serra, e da Fazenda, Henrique Meirelles.

A relação entre os dois países se intensificou durante os governos petistas, principalmente durante a administração Lula, quando China e Brasil despontaram como importantes economias emergentes.

Nesse período foi criado o grupo dos BRICS, que reúne também Índia, Rússia e África do Sul. Foi também a época de surgimento do G20, em contraposição ao clube "mais rico", o G7.

O presidente chinês vem participando de uma série de encontros bilaterais com líderes que vieram para o G20.

A reunião de 40 minutos foi um pouco mais longa do que a da maioria dos outros chefes de governo, justamente por ter sido a primeira de Temer com Xi Jinping na capacidade de presidente do Brasil.

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Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil, comprando principalmente matérias-primas, como soja e minério de ferro, e vendendo produtos industrializados. Assuntos econômicos foram o tema principal do encontro.

Segundo o Itamaraty, durante a reunião Temer falou sobre as reformas que pretende implementar no país para promover o ajuste fiscal, assim como apresentou oportunidades de investimento do plano de concessões que está sendo elaborado para a área de infraestrutura.

Além disso, Temer priorizou três temas:

1) Fechar a venda de 18 aeronaves da Embraer para a China, além de acertar a promessa de compra de mais 20;

2) Solicitar que o governo chinês habilite mais frigoríficos brasileiros a vender carne (bovina, suína e de frango) para o mercado chinês, já que restrições sanitárias hoje limitam esse número;

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3) Pedir maior agilidade para que a China autorize a importação de soja do Brasil com novas sementes transgênicas ─ hoje esse processo está demorando até três anos, segundo fontes no Itamaraty, trazendo empecilhos para o aumento da produtividade da agricultura brasileira. Por falta de infraestrutura, na hora de estocar e transportar a soja, o Brasil separa apenas em dois grupos - transgênico e não transgênico, sem fazer distinção entre os diferentes tipos de sementes modificadas (o que os EUA conseguem fazer). Com isso, enquanto a China não autoriza novas sementes, todos os produtores do Brasil preferem deixar de usá-las.

De acordo com o Itamaraty, o próprio presidente chinês manifestou em seu pronunciamento o desejo de ampliar as importações de carne brasileira ─ o que foi considerado muito positivo.

Segurança reforçada

O encontro entre os dois presidentes aconteceu sob forte aparato de segurança. A repórter da BBC Brasil teve que passar por quatro revistas antes de ter acesso ao enorme hotel estatal onde aconteceu a reunião.

Foi preciso se apresentar com quatro horas de antecedência em um hotel de onde saiu o transporte oficial, e por isso a maioria dos representantes da imprensa brasileira, que pela manhã acompanhou outro compromisso de Temer em Xangai, não conseguiu cobrir o encontro bilateral.

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Mais cedo, o presidente discursou em um encontro para empresários de Brasil e China, com objetivo de incentivar negócios e atrair investimentos para o país.

Sobre o fato de o Senado ter mantido os direitos políticos de Dilma e se isso representava uma divisão em sua base parlamentar, Temer disse a jornalistas que respeitava a decisão e que isso seria "superado".

O presidente destacou também que já havia um recurso no STF (Supremo Tribunal Federal) questionando a manutenção dos direitos políticos e que agora caberia à Corte se manifestar.

"Cada poder exerce seu poder."

Além disso, Temer minimizou as manifestações contra o impeachment e o seu governo, dizendo que se tratava da opinião de uma minoria da população.

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"A mensagem que lanço de reunificação e pacificação nacional não é em benefício próprio pessoal, é em benefício dos brasileiros. E eu sinto isso: tenho absoluta convicção que os brasileiros querem isso. Quem muitas vezes se insurge, um ou outro movimentozinho, é sempre um grupo muito pequeno de pessoas, né? Não são aqueles que acompanham a maioria da vontade dos brasileiros", disse.

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