Em encontro com representantes de mais de 120 países na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York, nesta terça-feira, a presidente Dilma Rousseff (PT) condenou o bombardeio norte-americano contra o Estado Islâmico (EI) na Síria e Iraque. “Eu lamento profundamente isso. O Brasil sempre vai acreditar que a melhor forma é o diálogo, o acordo e a intermediação da ONU”, disse.
Segundo ela, agressões sem sustentação aparentemente podem fornecer ganhos imediatos, mas depois causam enormes prejuízos e turbulências. “E o caso do Iraque, está provado lá, na Líbia, a consequência da Líbia no Sael. Eu acredito na mesma coisa na Faixa de Gaza. Nós repudiamos sempre o morticínio e a agressão dos dois lados, e não acreditamos que seja eficaz. O Brasil é contra todas as agressões”, completou.
Dilma aproveitou a questão para mais uma vez defender a expansão do Conselho de Segurança da ONU, um antigo pleito brasileiro. “Ele tem que ter mais representatividade para impedir essa paralisia do conselho diante do aumento dos conflitos em todas as regiões do mundo”, declarou. Ela afirmou ainda que falará sobre o tema em seu discurso na abertura da Assembleia Geral e defenderá a posição do Brasil.
Fundo Soberano do Brasil
A presidente defendeu o saque de R$3.5 bilhões do Fundo Soberano do Brasil, dizendo-se estarrecida com os questionamentos em torno da questão e afirmando que foi criado justamente como reserva para momentos em que a economia desacelera.
“Nas vagas gordas você tem dinheiro. Agora, nas vacas magras, você tem menos dinheiro. Um fundo soberano, portanto, nós fizemos em 2008 porque tivemos toda uma arrecadação e desempenho melhor. Aquele recurso foi colocado num fundo soberano. Pra ser usado quando? Quando o país precisasse [...] É estarrecedor que questionem a utilização do fundo soberano quando o país cresce menos do que quando ele foi formado. Ele foi feito para isso”, disse.
Meio ambiente
Dilma também falou a jornalistas no saguão do hotel onde está hospedada, em Manhattan, após discursar na Cúpula da Clima na ONU. De início dominada pela questão ambiental, a entrevista passou ao campo político com as declarações sobre o fundo soberano e os conflitos no Oriente Médio. Dilma demonstrou e expressou cansaço, pois chegou ao hotel por volta de 5h30 da manhã e repousou apenas três horas antes de participar da cúpula.
Para uma plateia reduzida no plenário da ONU, após o discurso do presidente da Bolívia, Evo Morales, e do sultão do Brunei, Hassanal Bolkiah, Dilma enumerou as vitórias brasileiras no campo ambiental, como a redução de 79% no desmatamento da Amazônia na última década, corte anual de 650 milhões de toneladas nas emissões de dióxido de carbono e melhoria da produtividade agrícola sem ampliar a área cultivada. “O Brasil, portanto, não anuncia promessas. Mostra resultados," afirmou no discurso.
Contudo, a presidente questionou as críticas ao uso crescente de transgênicos na agricultura nos últimos anos. “Muito disso é lenda”, criticou sobre os temores em torno da tecnologia, ressalvando ainda que é preciso cautela na sua adoção.
Perguntada se fez mais que a candidata do PSB, Marina Silva, para proteger o meio ambiente, Dilma disse que “em termos absolutos, sem dúvida que sim. Mas ela estava em uma trajetória, eu estou em outra", finalizou.