País evitará retrocesso em momento grave, diz Dilma na ONU

22 abr 2016 - 11h56
(atualizado às 12h26)
Foto: Reuters

A presidente Dilma Rousseff dedicou praticamente todo o discurso feito na ONU nesta sexta-feira às mudanças climáticas, mas fez referência ao "grave momento" vivido pelo Brasil e disse que o país saberá evitar retrocessos, em meio à tramitação do processo de impeachment no Congresso.

Havia uma expectativa durante a semana de que a presidente usaria a tribuna na ONU para denunciar o impeachment como golpe, mas uma fonte do Palácio do Planalto disse à Reuters mais cedo nesta sexta que a fala de Dilma na sessão de assinatura do acordo de Paris sobre o clima seria focada de fato nas mudanças climáticas.

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Em breve referência à situação política atravessada pelo país, Dilma disse já na parte final do discurso de pouco menos de 10 minutos que não poderia terminar o pronunciamento sem mencionar o grave momento que o Brasil vive.

"Quero dizer que o Brasil é um grande país, com uma sociedade que soube vencer o autoritarismo e construir uma pujante democracia. Nosso povo é um povo trabalhador e com grande apreço pela liberdade. Saberá, não tenho dúvidas, impedir quaisquer retrocessos", afirmou.

Dilma também fez um agradecimento a líderes internacionais que manifestarem solidariedade a ela em meio ao pedido de abertura de processo de impeachment, que já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e tramita atualmente no Senado. Se a decisão de abertura do processo for confirmada pelos senadores, a presidente será afastada do cargo provavelmente em maio.

A possibilidade de Dilma usar o discurso na ONU para chamar o impeachment de golpe, que era defendida por ministros e fontes do PT, foi criticada por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

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O decano da corte, Celso de Mello, disse na quarta-feira ser um "gravíssimo equívoco" apontar o processo como golpe, uma vez que segue a Constituição e rito estabelecido pelo próprio STF.

Apesar de não ter usado o discurso na ONU para atacar diretamente o processo de impedimento, Dilma vai conceder uma entrevista coletiva mais tarde nesta sexta-feira em Nova York em que deve reiterar sua defesa contra o processo, que ela classifica como um golpe que teria como um dos articuladores o vice-presidente Michel Temer.

Clima

Na maior parte do discurso, Dilma ressaltou as promessas feitas pelo Brasil para combater as mudanças climáticas, como o desmatamento zero na Amazônia, a redução de 43 por cento das emissões de gases do efeito-estufa até 2030 e o aumento da participação das fontes renováveis na matriz energética brasileira até 45 por cento.

A presidente assumiu um compromisso de assegurar a rápida entrada em vigor do acordo no Brasil, e disse que o caminho à frente será ainda mais desafiador, uma vez que implica em transformar aspirações em resultados concretos.

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Dilma também fez uma cobrança aos países desenvolvidos por mais ação no combate às mudanças climáticas, e disse ser fundamental um aumento na promessa de financiamento global de 100 bilhões de dólares anuais para o combate à mudança do clima.

"O desafio de enfrentar a mudança do clima torna imprescindível o aumento progressivo do nível de ambição dos países desenvolvidos", afirmou a presidente, que exaltou os resultados "expressivos" de países em desenvolvimento como o Brasil na redução de emissões.

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