O presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), inflou nesta quarta-feira (7) ações do seu governo no desenvolvimento de políticas de infraestrutura e de políticas sociais. Ao discursar no Rio por ocasião das festividades da Independência, também enganou ao dizer que não há corrupção em seu governo e que defende a imprensa.
A reportagem do Aos Fatos está aberta a contestações da assessoria do Planalto e registrará o outro lado caso necessário.
A íntegra da transcrição do discurso foi feita automaticamente pelo Escriba e revisada pela equipe do Aos Fatos.
Atendemos 68 milhões de pessoas com o auxílio emergencial.
De acordo com balanço divulgado pela Caixa Econômica Federal em novembro de 2020, 67,8 milhões de pessoas foram beneficiadas pelo auxílio emergencial, criado para atenuar os efeitos da pandemia de Covid-19. Os pagamentos começaram em abril de 2020 no valor de R$ 600 e depois passaram a R$ 300, mantidos até o fim daquele ano. Em 2021, o valor médio do benefício foi reduzido para R$ 250.
Fomos negociar com a Rússia fertilizantes para o Brasil, mesmo com quase toda a imprensa contra e o mundo também.
Entre 15 e 18 de fevereiro de 2022, cerca de uma semana antes do início da guerra na Ucrânia, Bolsonaro visitou a Rússia para discutir, entre outros assuntos, o envio de fertilizantes ao mercado brasileiro. Em nota divulgada em junho, o governo russo afirmou que estava “empenhado em cumprir suas obrigações de garantir o fornecimento ininterrupto de fertilizantes russos ao agronegócio brasileiro”.
Garantimos a nossa segurança alimentar e a segurança alimentar de mais de um bilhão de pessoas ao redor do mundo.
Estudo da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) publicado em março de 2021 aponta que, na verdade, a produção e a exportação de grãos e de carne bovina brasileira foi responsável por talimentar 772,6 milhões de pessoas em todo o mundo em 2020 — é FALSO, portanto, que o Brasil alimenta 1 bilhão de pessoas. Descontados os 212,3 milhões de brasileiros, os autores do estudo concluem que 560,3 milhões de cidadãos de outros países se beneficiam dos alimentos produzidos no Brasil. Os dados são ligeiramente superiores aos estimados com base em números da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), que apontam um total de 628,2 milhões de pessoas alimentadas com produtos brasileiros. O Departamento de Agricultura dos EUA calcula que esse número seja de 625 milhões de pessoas, e o IGC (International Grains Council) indica um total de 636,9 milhões.
O nosso governo também levou água para o nossos irmãos nordestinos, com a transposição do rio São Francisco.
Por mais que Bolsonaro tenha inaugurado parte da transposição do rio São Francisco, sua fala omite que as obras já estavam 96% concluídas quando assumiu o governo. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, o Eixo Leste já estava pronto desde março de 2017 e só faltavam ser entregues obras do Eixo Norte. Além do projeto previsto desde 2013, o governo Bolsonaro anunciou que pretende retomar a proposta original da transposição, que totaliza 669 quilômetros de obras e 3.000 quilômetros de canais e adutoras auxiliares. As novas estruturas, no entanto, ainda não foram concluídas.
O nosso governo ressuscitou o modal ferroviário do Brasil.
Apesar de o governo Bolsonaro ter sancionado medidas que beneficiam o setor ferroviário, como o marco legal, dados indicam que o crescimento do volume de carga transportada em linhas férreas foi interrompido nos dois primeiros anos de sua gestão. O indicador, que apresentou expansão entre 2013 e 2018, teve retração em 2019, passando de 569,4 milhões para 494,5 milhões de toneladas. O crescimento voltou a ser observado em 2021, quando foram movimentadas em ferrovias 506,8 milhões de toneladas. Em seu governo, Bolsonaro sancionou o Marco Legal do Transporte Ferroviário (lei nº 14.273/2021), que facilitou os investimentos privados na construção de ferrovias, e lançou o Programa Pro Trilhos, para ampliar a malha ferroviária.
Nosso governo trata o povo com respeito. Repito, três anos e meio sem corrupção.
Integrantes e ex-integrantes do governo Bolsonaro são alvos de investigações e denúncias de casos de corrupção e outros delitos ligados à administração pública. Em junho de 2022, a PF (Polícia Federal) prendeu preventivamente o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro por suposto envolvimento em um esquema de liberação de verbas na pasta. Ele é investigado por prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência e foi liberado por habeas corpus. Atuais e antigos integrantes do governo também são investigados pela PF ou pelo Ministério Público por suspeita de corrupção, como o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP); Ricardo Salles (PL), ex-titular do Meio Ambiente; o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PL), que comandou o Turismo; e Fabio Wajngarten, que chefiou a Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social). Além disso, relatório de junho deste ano da Americas Society/Council of the Americas afirma que as tentativas do presidente de controlar órgãos de investigação e os cortes orçamentários de agências independentes seriam sinais de recuo no combate à corrupção no Brasil.
Tampouco do lado da Nicarágua que prende padres, expulsa freiras, e fecha rádios e televisões católicas.
Bolsonaro se refere à ação do ditador Daniel Ortega, da Nicarágua, contra membros da Igreja Católica que fazem oposição ao governo. Segundo registros da imprensa, até o final de agosto, o governo prendeu três padres, fechou oito estações de rádio católicas, retirou três canais de televisão do ar e expulsou o representante diplomático da Santa Sé do país. Em um dos casos de repressão, 18 freiras foram expulsas do país e tiveram que atravessar a pé a fronteira com a Costa Rica.
A imprensa, por mais que possa errar, defenderei até o último momento o direito de uma imprensa livre para que possa levar informações pra vocês e vocês decidirem se a imprensa está transmitindo notícias verdadeiras ou não.
Bolsonaro é contraditório em sua fala sobre defesa da imprensa livre, pois já sugeriu fechar veículos jornalísticos e ameaçou em diversas ocasiões não renovar a concessão da TV Globo. Em outubro de 2019, em uma live exibida logo após uma reportagem do Jornal Nacional vincular seu nome às investigações do assassinato de Marielle Franco, o presidente falou em não renovar a concessão da emissora. No Dia Nacional da Liberdade de Imprensa, em 6 junho deste ano, o mandatário voltou a atacar a mídia ao dizer que “se for para punir fake news com a derrubada de páginas, fechem a imprensa brasileira, que é uma fábrica de fake news”. Segundo relatório da Repórteres sem Fronteiras de maio deste ano, o Brasil ocupa o 110° lugar em um ranking de 180 países sobre respeito à liberdade de imprensa. “O presidente ataca regularmente a imprensa, mobilizando exércitos de apoiadores nas redes sociais. Trata-se de uma estratégia bem coordenada de ataques com o objetivo de desacreditar a mídia, apresentada como inimiga do Estado", diz um trecho do relatório, que ainda pontua que “as relações entre o governo e a imprensa se deterioraram significativamente desde a chegada ao poder” de Bolsonaro.
Referências:
1. Caixa
2. Poder360
3. Poder360
4. Embrapa
5. Aos Fatos
6. Aos Fatos
7. ANTT
8. Planalto
9. Aos Fatos
10. AS/COA
11. DW
12. G1
13. UOL