Ao tomar posse, no início da tarde desta sexta-feira, o novo presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Jerson Kelman, disse que a crise hídrica que atinge a região pode se agravar nos próximos meses.
“Seria irresponsabilidade no quadro que a gente está hoje, 9 de janeiro, olhar para frente com otimismo. Temos que estar preparados para o pior”, destacou Kelman em seu primeiro pronunciamento. Ele disse que já passou instruções para reduzir ainda mais a retirada de água do Sistema Cantareira, que opera com 6,7% da capacidade dos reservatórios.
O novo presidente assumiu que a medida deverá afetar ainda mais os consumidores. “Inescapavelmente (sic), teremos algum tipo de sofrimento pela população”, ressaltou sobre os transtornos causados pela redução da pressão e volume, principalmente para os moradores de locais mais altos.
Falta água em São Paulo
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Segundo ele, a medida é necessária devido à gravidade da crise. Kelman disse que até 2014 o pior cenário enfrentado pelo Sistema Cantareira havia ocorrido em 1953, quando a vazão média de entrada de água no sistema chegou a 56% da média histórica.
“No ano passado nós tivemos 25%. Foi menos da metade do pior que já tinha acontecido”, enfatizou.
Por isso, de acordo com o presidente da Sabesp, não havia possibilidade de o Poder Público se preparar adequadamente para o problema. “Nenhum administrador público, de qualquer nível, seria considerado prudente se fizesse um sobreinvestimento tão grande para enfrentar algo que nunca tinha sido observado”, defendeu.
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Multa da água
Na última quinta-feira, a Sabesp anunciou a cobrança de sobretaxa de 40% a 100% para os consumidores que superarem a média de gasto de água entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014.
De acordo com os critérios publicados no Diário Oficial do Estado, se o consumo ultrapassar em até 20% a média do período será considerado para efeito de cálculo um acréscimo de 40%. Acima de 20%, a quantidade calculada terá adicional equivalente ao dobro.
A medida vale para 43 municípios, incluindo a cidade de São Paulo e vários municípios da região metropolitana.
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Para tentar conter crise da água em São Paulo, Sabesp inicia retirada da água do chamado volume morto
Foto: Alan Morici
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Os equipamentos de bombeamento foram instalados na represa Jaguari/Jacareí
Foto: Alan Morici
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Como as águas estão abaixo do ponto de captação, serão bombeadas para a estação de tratamento Guaraú
Foto: Alan Morici
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Segundo o governo, a água retirada do volume morto atenderá a demanda da região metropolitana
Foto: Alan Morici
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O Sistema Cantareira é formado por diversos reservatórios na região de Joanópolis, na grande São Paulo
Foto: Alan Morici
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O volume do sistema caiu de 27,7% em janeiro para menos de 10% em maio
Foto: Alan Morici
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Máquinas trabalham nas obras que implantaram as bombas de drenagem
Foto: Alan Morici
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O governo de São Paulo chama o volume morto de "reserva técnica"
Foto: Alan Morici
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O sistema vem atingindo, repetidamente, os piores índices de sua história
Foto: Alan Morici
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Ponte sobre o rio Jacareí, um dos que fazem parte do Sistema Cantareira
Foto: Alan Morici
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Funcionário da Sabesp na área do reservatório que receberá as águas do volume morto
Foto: Alan Morici
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Área do Rio Jacareí, um dos que abastecem o Sistema Cantareira
Foto: Alan Morici
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Para tentar conter crise da água em São Paulo, Sabesp inicia retirada da água do chamado volume morto
Foto: Alan Morici
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Para evitar um colapso no abastecimento de água para cerca de 9 milhões de pessoas, a Sabesp propôs a cobrança de multa de 30% aos consumidores que excederem o gasto médio de água
Foto: Alan Morici
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Além disso, o governo paulista lançou um bônus dado aos clientes que conseguem reduzir o consumo em 30%. Essa ação permitiu uma queda de 76% no consumo em março, e 81% em abril.