"Ouvi um estrondo e quando olhei para frente, para a recepção, só vi a poeira... encheu tudo de poeira."
É assim que Lindalva Moreira, de 64 anos, descreve o momento em que um prédio de sete andares, vizinho a seu ateliê de costura, desabou em Fortaleza.
"Escutei os gritos da minha filha (que estava na recepção do ateliê). Saí correndo ao encontro dela. Imaginei que era um prédio caindo", diz ela, ainda com a voz estremecida, por telefone à BBC News Brasil.
Lindalva tem o estabelecimento, a poucos metros do prédio, há 25 anos. Ela conta que alguns de seus clientes moravam no edifício, localizado no bairro Dionísio Torres, na área nobre da capital cearense.
"Tinha (clientes que moravam no prédio). Só que no momento, não estou conseguindo me lembrar do nome de nenhum deles. A maioria dos clientes mora em prédios da região, em prédios próximos", diz.
"Quando cheguei na rua, minha filha me mostrou o prédio desabado. Quando vi o prédio, no chão, imaginei 'Meu Deus, está todo mundo debaixo dos escombros'. Aí entramos em pânico. Eu e as outras lojistas, os vizinhos permanecemos ali no entorno clamando a Deus por misericórdia para ver se tinha alguém vivo", lembra.
Segundo Lindalva, o desabamento teria ocorrido por volta das 10h30.
Ela diz que, em poucos minutos, a região foi tomada por viaturas de polícia e Corpo de Bombeiros.
"Muita gente chegou. Aí depois nos acalmamos, nós começamos a ver como a gente ia conseguir sair. As autoridades começaram a evacuar todo mundo por causa da suspeita de vazamento de gás. Dava para sentir o cheiro. Aí baixamos as portas."
Lindalva diz que não há previsão para que as autoridades liberem o acesso à área e teme por prejuízos.
"Sobrevivo daquele ateliê. Tomara, Deus, que não aconteça algo pior e o nosso prédio venha a desabar também", afirma.
Até o fechamento desta reportagem, uma morte havia sido confirmada. O Corpo de Bombeiros do Ceará resgatou sete pessoas com vida, que foram encaminhadas ao Hospital Instituto Doutor José Frota, o maior da região para traumas.
As autoridades estimam que mais de uma dezena de pessoas ainda está sob os escombros.