Jornais abordam "cruzada antiliberal" do governo Bolsonaro, destacam aumento das queimadas na Amazônia e start-ups que usam a floresta de forma sustentável.Die Welt - A revolução verde já começou no Brasil (29/08)
Danniel Pinheiro já havia preparado tudo para a primeira exportação para os EUA. Produtos cosméticos, 100% produzidos ecologicamente, estavam esperando em Manaus pela grande viagem rumo ao norte. Mas o coronavírus apareceu, e a entrega teve que esperar. O jovem de 26 anos de idade é coproprietário da start-up Biozer, na metrópole amazônica. Seu objetivo: levar produtos cosméticos ecológicos de primeira classe, originários da floresta tropical, não só ao resto do Brasil, mas também aos EUA, Dubai e Europa.
Seu projeto faz parte de toda uma série de iniciativas. Seja de café orgânico, tecnologia de drones para monitoramento florestal ou de cosméticos naturais: todas elas querem iniciar uma espécie de revolução verde e usar a floresta tropical amazônica de forma sustentável, em vez de destruí-la.
Apesar - ou talvez por causa - do presidente Jair Bolsonaro, algo está acontecendo no nível das bases.
Augsburger Allgemeine - A cruzada antiliberal de Bolsonaro (01/09)
Todas as estatísticas mostram que o racismo não é novidade no Brasil. O que é novo é como se lida politicamente com isso (...) O racismo, o classismo e a homofobia se tornaram aceitáveis, e a violência contra minorias foi institucionalizada pelo presidente evangélico Jair Bolsonaro.
Metade de seu gabinete é composta por membros ou ex-membros das Forças Armadas, e mais de 6 mil militares estão agora na administração pública. Os generais autoritários vão de encontro à imagem despreocupada e tolerante do país do Carnaval e da opulência tropical, onde a única empolgação é o futebol. Bolsonaro desmascarou completamente o mito do Brasil liberal.
Ele prega que desigualdade, corrupção e criminalidade são sinais de decadência liberal que devem ser combatidos com mão firme. E sabe que uma aliança de ultradireita, que vai muito além do Brasil, está por trás dele.
Como o presidente americano, Donald Trump, Bolsonaro sabe como polarizar a sociedade com polêmicas. Ele se vê em uma cruzada antiliberal. Sua legitimidade se baseia no carisma. Parte do Brasil o aplaude, uma parte o teme, outra o observa com apatia.
Spiegel Online - A Amazônia há tempos não queimava assim (31/08)
O governo brasileiro disse que iria trabalhar para proteger a floresta tropical. Mas aparentemente foi apenas da boca para fora. Dados de satélite mostram que o número de incêndios na Amazônia continua a aumentar.
O estado brasileiro do Amazonas tem quase a metade do tamanho da Alemanha. Nele está uma grande parte da floresta tropical da região, e a imensa área é monitorada do espaço há anos.
Dados confiáveis sobre o estado do pulmão verde do planeta são importantes. Agências espaciais como a Nasa estão de olho na região, mas é o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil (Inpe) o encarregado de fazer um balanço do espaço. E os relatórios dos especialistas são qualquer coisa, menos encorajadores: em junho e julho já haviam sido divulgados relatórios apontando um dramaticamente alto número de incêndios na região.
Em agosto, os dados de satélite comprovam uma tragédia em curso: as imagens do Inpe mostram nada menos que 7.766 incêndios no estado do Amazonas entre os dias 1º e 30 de agosto. Este é o número mais alto para este mês desde o início das medições, em 1998.
RPR/ots