Obra olímpica é alvo da PF: Comitê Rio 2016 diz que operação não impacta Jogos

7 jun 2016 - 17h08
(atualizado em 8/6/2016 às 07h40)
Complexo de Deodoro foi alvo de mandados de busca e apreensão da PF, em meio a suspeitas de fraudes milionárias
Complexo de Deodoro foi alvo de mandados de busca e apreensão da PF, em meio a suspeitas de fraudes milionárias
Foto: Getty Images

A operação da Polícia Federal que investiga potenciais fraudes e fez buscas nessa terça-feira no Complexo de Deodoro, um dos centros de competições olímpicas na zona norte do Rio de Janeiro, não terão qualquer impacto sobre os Jogos, afirmou o Comitê Rio 2016.

A pouco menos de dois meses do início da Olimpíada, o diretor de comunicações do comitê, Mario Andrada, disse em entrevista à imprensa estrangeira que as apurações e o bloqueio na Justiça de R$ 128 milhões que deveriam ser pagos ao consórcio formado pelas empreiteiras Queiroz Galvão e OAS, responsável pelas obras, não afetarão a conclusão das instalações.

Publicidade

"Ficamos sabendo disso hoje de manhã, assim como vocês. Não temos nada a esconder, e, assim como a Prefeitura do Rio, o Comitê Rio 2016 estimula as melhores práticas. A investigação não deve afetar em nada o andamento das obras e o sucesso dos Jogos", disse.

Entre as denúncias de irregularidades estão a contratação de empresas para o recolhimento e descarte do entulho originado pelas obras. Segundo a imprensa local, o custo com essa empresa teria aumentado de R$ 80 milhões para R$ 147 milhões.

A Controladoria-Geral da União (CGU) suspeita que uma empresa "laranja" simularia as operações, e que os resíduos seriam, na verdade, despejados num "bota-fora" em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Em nota publicada pelo portal G1, o consórcio responsável pelas obras afirmou que já prestou esclarecimentos às autoridades e que a alteração de custo se deve ao acréscimo de material transportado, que não estava previsto no contrato.

Publicidade

Segundo a Polícia Federal, as denúncias incluem ainda falsificação de documentos. Já para o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle, que agora engloba a CGU, a operação tem como foco uma "ação criminosa que resulta no desvio de recursos públicos".

Questionado sobre a Operação Lava Jato e as denúncias de corrupção contra outras obras ligadas à Olimpíada, Andrada descartou impactos negativos.

"Acompanhamos as denúncias da Operação Lava Jato e mesmo que no futuro provem alguma coisa, não acreditamos em impacto algum sobre o sucesso das obras e dos Jogos, e reiteramos que o orçamento do Comitê Rio 2016 é 100% privado", disse.

Metrô

Outros aspectos polêmicos da reta final dos preparativos são a epidemia do vírus Zika e a conclusão das obras da expansão da linha 4 do metrô, ligando a zona sul do Rio à Barra da Tijuca, onde está localizado o Parque Olímpico.

Questionado pela imprensa sobre os trâmites para o repasse de R$ 1 bilhão do BNDES ao Estado do Rio de Janeiro, empréstimo necessário para terminar a ligação, Mario Andrada disse tratar-se de um aspecto técnico, que não coloca a obra em risco.

Publicidade

"O dinheiro já foi aprovado. Falta agora decidir como fazer o dinheiro chegar do ponto A ao ponto B, e tenho certeza que vão resolver isso", disse.

Na prática, o BNDES diz que só vai repassar os recursos para o Estado quando a Secretaria do Tesouro Nacional liberar a transação.

O nível de endividamento do Rio de Janeiro ultrapassaria o limite imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o que impediria a contratação de novos empréstimos.

Vírus Zika

No radar da imprensa internacional, a epidemia de zika também foi debatida pelo Comitê Rio 2016. Além de Andrada, participaram do encontro com os jornalistas o diretor médico do Comitê, João Granjeiro, o secretário municipal de saúde do Rio, Daniel Soranz, e o subsecretário de vigilância em saúde da Secretaria Estadual, Alexandre Chieppe.

O principal argumento do grupo para que não haja preocupação com a vinda de turistas ao Rio continua sendo o de que as baixas temperaturas no mês de agosto levam à menor proliferação do mosquito e, por consequência, à redução do número de casos de dengue e outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como a zika e a chikungunya.

Publicidade

"Não estamos baseando nossa estratégia somente nas condições climáticas. Além de contar com a série histórica que mostra a redução de casos nestes meses, temos medidas preventivas e também ações com inseticidas, e com a fiscalização em todos os locais de competição", disse Daniel Soranz.

Para João Granjeiro, o Rio estará preparado mesmo que o mês de agosto seja chuvoso ou se as temperaturas forem elevadas.

"Vamos aplicar as medidas sanitárias e de prevenção individual, como o uso de repelentes e uso de mangas compridas, além de ar condicionado na Vila dos Atletas. Se tivermos condições climáticas diferentes das habituais, como um agosto chuvoso, ou de calor, também estaremos preparados", disse.

BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações