Duas operações de fiscais do trabalho, com acompanhamento da polícia, libertaram nesta sexta-feira 19 bolivianos e 12 haitianos que trabalhavam em condições análogas à escravidão em fábricas clandestinas de confecções em dois bairros de São Paulo.
A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE-SP) comunicou a jornalistas que foi a primeira vez que este tipo de operação recupera cidadãos de origem haitiana.
Os dois casos, um no bairro do Brás e o outro no de Mandaqui, foram denunciados pelo Sindicato das Costureiras e em ambas situações os estrangeiros viviam no próprio local de trabalho.
No primeiro, os imigrantes confeccionavam peças para a marca brasileira As Marias, que será multada, segundo os fiscais.
A empresa, no entanto, emitiu um comunicado no qual culpa pela situação uma terceira empresa que prestava serviços para a marca.
De acordo com a SRTE-SP, os estrangeiros trabalhavam em turnos de 15 horas por dia e nos últimos dois meses cada um recebeu R$ 100 por todo o período.
Alguns dos estrangeiros relataram que dormiam no chão da cozinha e dos banheiros, em condições higiênicas degradantes, e que os "patrões" passaram a negar-lhes a alimentação que reivindicavam pela falta de pagamento.
No Brás foram resgatados os 12 haitianos e dois bolivianos, enquanto em Mandaqui foram libertados os outros 17 imigrantes procedentes da Bolívia, que confeccionavam roupas da marca Seiki, que recebeu 20 multas no valor de R$ 294 mil.
Os responsáveis, de acordo com a legislação brasileira, podem receber penas que vão de dois a oito anos de prisão.