Nesta quinta-feira, o Clube Militar lançou, no Rio de Janeiro, uma ação intitulada Campanha Pela Moralidade Nacional. De acordo com a instituição, ela visa propor um debate, junto à sociedade brasileira, sobre a crise enfrentada pelo governo da presidente Dilma Rousseff (PT) e tentar encontrar possíveis soluções. A intervenção militar que vem sido pedida por alguns manifestantes de protestos anti-PT, no entanto, não é uma delas. Quem garante é o presidente do órgão, general Gilberto Pimentel.
"Garanto que isso [intervenção] não tem nada a ver conosco. Os militares não pensam nisso. Temos uma posição legalista. Aqueles que pedem isso nas ruas são pessoas exaltadas. E sabemos que existem pessoas exaltadas dos dois lados", disse ele em entrevista ao Terra.
Pimentel afirmou ainda que nem mesmo um suposto impeachment da presidente está na pauta de discussões do grupo. Para ele, o mais importante é debater as motivações dos últimos atos, em especial a corrupção, e "visualizar caminhos a serem seguidos dentro da ética".
"Somos absolutamente a favor de manifestações. A presidente mesmo falou que manifestação é a voz do povo. Elas têm que acontecer. Em geral, demonstram alguma insatisfação coletiva. Mas nós não temos posição alguma sobre o impeachment. Queremos que o Brasil caminhe sempre dentro do constitucional. Essa campanha é um apelo do nosso clube pelos valores que foram invertidos. A corrupção, principalmente. É uma colaboração do clube neste momento difícil vivido pelo Brasil. O País não merece viver essa confusão", declarou.
A partir desta sexta-feira, a instituição irá publicar, na internet, textos produzidos por colaboradores que tratam dessas questões. Serão compartilhados 30 artigos, que posteriormente devem ser impressos e encadernados.
"Direito das minorias prevalecendo ao da maioria"
No site do Clube Militar, o espaço dedicado à divulgação da Campanha Pela Moralidade Nacional diz que ela nasceu da "constatação" de que os "valores da sociedade" apresentam "diversas distorções", entre elas "o direito das minorias prevalecendo ao da maioria" e a "imposição do politicamente correto em detrimento do livre pensar e falar". Questionado pela reportagem, o general alegou que o termo "minorias" é "genérico" e não representa necessariamente negros, mulheres ou homossexuais.
"Vou te dar um exemplo. Você viu aquela senhoras do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra] que invadiram aquela cultura de plantas e destruíram tudo? Elas também estão sujeitas às leis do País. Se invadem e arrebentam têm que sofrer punição. A mesma coisa sobre os caminhoneiros que bloquearam estradas e colocaram fogo em pneus. Era uma minoria que atrapalhou a maioria que estava nas estradas, indo ou voltando do trabalho. Isso ocorre em todos os setores. É isso que quisemos dizer com 'minorias'. Foi um termo genérico", explicou.