Com o rápido avanço do coronavírus nas partes mais pobres de Manaus, um padre da capital do Amazonas começou a fazer máscaras na igreja e a distribuí-las em comunidades atingidas pela Covid-19.
O padre Alfredo Avelar está distribuindo as máscaras de porta em porta na favela de Educandos, onde moram cerca de 16 mil pessoas ao lado de um rio repleto de lixo e água de esgoto, muitas delas sobre palafitas.
"A situação é muito delicada. Tem pessoas morrendo em casa por falta de leitos hospitalares", disse o religioso, de 33 anos, em sua igreja na paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
A rede hospitalar de Manaus não tem mais unidades de tratamento intensivo, e o aumento das mortes forçou o cemitério durante a pandemia de coronavírus municipal a recorrer a valas coletivas.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, Manaus tem mais de 11.600 casos confirmados de Covid-19 e mais de 1.000 óbitos devido à doença.
Mais de 50% dos habitantes da cidade vivem em moradias inadequadas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A maioria das casas de Educandos, comunidade construída a cerca de 1 quilômetro do centro de Manaus às margens de um afluente poluído do Rio Negro, não tem saneamento básico.
O padre e os voluntários da igreja percorrem as vielas estreitas de tábuas de madeira entregando máscaras ou entregando-as nas aberturas de portas para casais idosos confinados.
Algumas das peças de tecido azul e branco têm a imagem da Virgem Maria estampada.
"Decidi ficar em casa porque fiquei com medo de os meus filhos serem infectados", disse a manicure Juliane Silva, que usava uma máscara feita pela igreja.