Pandemia em SP está "sob relativo controle", diz Doria

Governador afirmou que quarentena retomará regionalização

22 abr 2021 - 08h35
(atualizado às 08h42)

A pandemia de covid-19 em São Paulo está "sob relativo controle" e eventuais novas flexibilizações das medidas de restrição para conter o coronavírus voltarão a levar em conta os indicadores da doença em cada região do Estado, disse o governador, João Doria (PSDB), à Reuters.

Governador de São Paulo, João Doria, durante entrevista à Reuters
04/02/2021 REUTERS/Amanda Perobelli
Governador de São Paulo, João Doria, durante entrevista à Reuters 04/02/2021 REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

Na entrevista concedida no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, Doria voltou a criticar a gestão do presidente Jair Bolsonaro na pandemia e disse os governadores podem recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar o Ministério da Saúde a revogar a requisição administrativa de medicamentos usados na intubação de pacientes.

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"Eu diria que (a pandemia) está sob relativo controle, porque nós conseguimos, graças às medidas do Plano São Paulo..., uma redução no número de pessoas infectadas e, consequentemente, menor ocupação nos chamados leitos primários dos hospitais públicos e privados e uma menor ocupação também nos leitos de UTI", disse Doria.

"A tendência é que essa redução continue se acentuando nas próximas duas semanas, o que poderá permitir que, dessa fase de transição, venhamos para a Fase Laranja, que é menos restritiva do que a Fase Vermelha, na qual estávamos, e bem menos restritiva do que a Fase Emergencial."

Segundo dados da Secretaria de Saúde paulista, o Estado vem registrando há três semanas queda na média diária de novas internações por covid-19 e há uma semana na média diária de novos casos.

A média diária de novas mortes, entretanto, vem subindo, embora na última semana tenha registrado alta bem menor, de 0,6%, e especialistas do Centro de Contingência que assessora o governo paulista na pandemia apontem que nesta semana a média diária de novas mortes deve começar a cair, já que, afirmam eles, o impacto das medidas no número de mortes leva mais tempo para acontecer.

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Com base nesses indicadores --e também na taxa de ocupação de UTIs, que chegou a 93% no momento mais crítico e agora está em um patamar ainda elevado de 82,3%-- a gestão Doria flexibilizou o Estado da chamada Fase Emergencial, a mais restritiva, para a Fase Vermelha, levemente mais branda, e agora para uma chamada Fase de Transição.

Nesta etapa, inicialmente o comércio dito não essencial, incluindo shopping centers, pode reabrir com 25% de ocupação entre 11h e 19h e segue vigorando uma restrição de circulação das 20h às 5h. Cultos religiosos, que estava proibidos, voltaram a acontecer.

A partir do próximo fim de semana restaurantes poderão reabrir no mesmo horário e também com limitação de 25% da ocupação, assim como outros serviços.

Doria disse que a flexibilização está sendo monitorada pelo Centro de Contingência e que não há expectativa de que ela leve a uma piora nos indicadores da pandemia. Ao mesmo tempo, ele insistiu na necessidade de colaboração da população.

"Esperamos que as pessoas tenham responsabilidade e tenham consciência que essa abertura depende delas", disse ele, que acrescentou que o plano de quarentena retomará o modelo regionalizado em futuras flexibilizações.

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"Essa possível nova etapa --nós não sabemos ainda, temos ainda um período para cumprir, pelo menos uma semana toda-- mas já se sabe que, se formos para a Fase Laranja, voltaremos para a análise regional."

Kit intubação

Crítico de Bolsonaro, com quem trava embates públicos frequentes, Doria voltou a criticar a gestão federal da pandemia e chamou de "gravíssimo erro" a requisição administrativa feita pelo Ministério da Saúde para centralizar a distribuição dos remédios usados na intubação de pacientes, que estão em falta em todo o Brasil.

Em vários locais há relatos de pacientes que tiveram de ser intubados sem sedação ou que ficaram desassistidos por causa da falta desses medicamentos.

"O Ministério da Saúde não fez a aquisição dos medicamentos e impediu que Estados, municípios e hospitais privados pudessem ter acesso a esses produtos", disse ele, afirmando que o governo estadual fez uma chamada internacional emergencial para adquirir esses remédios e também adotou o uso de medicamentos alternativos.

Na quarta-feira, em entrevista coletiva, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que o país deve receber 1,5 milhão de medicamentos do chamado kit intubação até o fim da próxima semana e lançará um pregão internacional para aquisição dos remédios. Disse ainda que a pasta recebeu doação da Espanha e de um grupo de empresas, mas não mencionou eventual fim da requisição.

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Doria, por sua vez, voltou a pedir que o Ministério da Saúde revogue a requisição e não descartou a possibilidade de o caso parar no Supremo Tribunal Federal (STF), como já ocorreu quando a pasta federal deixou de financiar leitos de UTI ou sinalizou que requisitaria agulhas e seringas para vacinação adquiridas pelos Estados.

"O Fórum de Governadores está tomando providências primeiro do ponto de vista de diálogo com o novo ministro Marcelo Queiroga, para que ele, sendo médico, possa compreender a necessidade de liberar imediatamente e suspender esse confisco. Se não o fizer, os próprios governos entrarão com uma medida conjuntamente no Supremo Tribunal Federal", afirmou.

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