Pesquisa revela dimensão da subnotificação de casos no Brasil

15 jan 2022 - 17h53

Segundo Datafolha, 42 milhões de brasileiros dizem ter sido diagnosticadas com covid-19 desde o início da pandemia - quase o dobro do número oficial.Pesquisa Datafolha publicada neste sábado (15/01) aponta que um entre quatro brasileiros com 16 ou mais anos de idade afirma ter ter sido diagnosticado com covid-19 desde o início da pandemia no país. Segundo o instituto, um total de 41,95 milhões de pessoas teriam sido contaminadas no Brasil desde março de 2020.

"Os casos oficiais representam apenas a ponta visível do iceberg", diz cientista
"Os casos oficiais representam apenas a ponta visível do iceberg", diz cientista
Foto: DW / Deutsche Welle

O número representa quase o dobro dos casos oficialmente notificados no país. Segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) deste sábado, 22.927.232 foram oficialmente diagnosticadas com covid-19 no país.

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Ainda segundo o Datafolha, o número verdadeiro pode ser ainda mais alto do que os quase 42 milhões detectados na pesquisa, já que o levantamento do instituto engloba apenas casos de pessoas com mais de 16 anos, enquanto os dados oficiais incluem todas as idades.

Para especialistas ouvidos pelo jornal Folha de S.Paulo, a diferença entre as cifras não é nenhuma surpresa, já que o país tem problemas conhecidos na sistematização de dados de infectados, incluindo deficiências na padronização do envio dos dados de testes com resultado positivo a serem contabilizados pelo governo federal. Os problemas persistem mesmo dois anos depois do início da pandemia.

O jornal ainda destaca que há um alto número de testes rápidos de covid-19 feitos em farmácias ou outras unidades que não entraram nas estatísticas oficiais, "problemas dos sistemas de informação entre os municípios, estados e o Ministério da Saúde e até mesmo a falta de estímulo das equipes para a notificação dos casos positivos".

"Os casos oficiais representam apenas a ponta visível do iceberg. A parte submersa, os casos não captados pela estatística oficial, é muito maior. Isso decorre de uma política fracassada de testagem", disse à Folha o epidemiologista Pedro Hallal, coordenador do estudo Epicovid-19. "O dinheiro do povo foi usado para produzir placebo, a cloroquina, e não para investir em testes ou máscaras, que são coisas que realmente funcionam para frear a pandemia", completa.

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O Datafolha ainda apontou que a subnotificação tem aumentado no Brasil. De acordo com o levantamento, 3% dos entrevistados afirmaram ter tido covid-19 nos últimos 30 dias. A porcentagem representa 4 milhões de pessoas - o sêxtuplo do número indicado nos dados oficiais coletados no período, que somaram pouco mais de 620 mil novos casos positivos.

A pesquisa foi feita por telefone nos dias 12 e 13 de janeiro, com 2.023 pessoas de 16 anos ou mais em todos os estados do Brasil. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Para piorar, a pesquisa aponta que 8,1 milhões de brasileiros não conseguiram encontrar testes para diagnosticar a doença em farmácias ou unidades de saúde nos últimos 30 dias.

O levantamento do Datafolha foi feito por telefone nos dias 12 e 13 de janeiro, e ouviu 2.023 pessoas de 16 anos ou mais em todos os estados do país. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

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jps (ots)

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