Maior companhia brasileira, a Petrobras está no centro da mais ampla rede de financiamento privado de campanhas eleitorais no Brasil. De cada R$ 10 doados por empresas a candidatos e comitês nas eleições de 2010 e 2012, R$ 3 vieram de fornecedores da petrolífera. Os fornecedores desembolsaram ao menos R$ 1,4 bilhão em contribuições às campanhas de postulantes a presidente, governador, prefeito, deputado e senador. Isso não implica que a Petrobras tenha direcionado as doações (a legislação proíbe que empresas que tenham participação societária do Estado financiem campanhas eleitorais) ou denote ilegalidade. Mostra, porém, o potencial de alcance político e econômico da estatal e ajuda a entender os temores de parte da classe política com a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). As informações foram publicadas no jornal O Estado de S. Paulo.
De acordo com um levantamento conjunto do Estadão Dados e da Transparência Brasil, 4.792 candidatos e comitês partidários receberam recursos de empresas contratadas pela companhia nos últimos quatro anos. Nas eleições parlamentares e para governos de 2010, 1.778 candidatos/comitês receberam desses fornecedores. Em 2013, na disputa municipal, foram 3.014 os beneficiários. Os valores doados pelos fornecedores da Petrobras constituem uma estimativa conservadora: o balanço levou em consideração só os contratos assinados a partir de 2010.
Ainda segundo o levantamento, dos 513 deputados federais eleitos em 2010, 330 contabilizaram doações de empresas privadas que mantêm contratos com a Petrobras. Juntos, receberam pelo menos R$ 78 milhões para ajudar a bancar suas candidaturas. O valor pode ser ainda maior, porque não inclui as doações dessas empresas a comitês partidários, que podem beneficiar mais de um candidato.