A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, e seu vice, Beto Albuquerque, classificaram neste domingo como “leviandade” e “uso político” a citação do nome de Eduardo Campos no escândalo de suposto pagamento de propina da Petrobras a agentes políticos.
O ex-governador de Pernambuco, assim como senadores, deputados e outros governadores ligados à base aliada ao governo federal foram apresentados pelo ex-diretor de abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, em acordo de delação premiada com procuradores da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. O caso foi revelado ontem pela revista Veja.
Marina e o vice falaram sobre o caso em entrevista coletiva no comitê do PSB em São Paulo, na Vila Clementino, zona sul da cidade.
Os representantes da chapa afirmaram ter solicitado acesso às investigações, as quais defenderam. “Queremos as investigações; o que não queremos é que prevaleça essa estratégia leviana de, antes que se tenham as apurações, já se faça essa associação --inclusive esquecendo a grande quantidade de envolvidos que estão aí, muito vivos e muito aptos a continuar destruindo e dilapidando o patrimônio público”, afirmou Marina.
“Eduardo teve sua vida ceifada pela situação terrível de uma fatalidade. Não queremos uma segunda morte em função de leviandade, queremos a verdade, e a família dele também”, completou a candidata, que citou um versículo bíblico: “Sou do lema inclusive de que ‘conhecereis a verdade, e ela vos libertará’”.
O vice na chapa da ex-senadora também defendeu Campos e se considerou “legitimado política e partidariamente” para a tarefa, já que, além de vice-presidente nacional do PSB, que fora presidido pelo ex-governador, também conviveu com ele durante 24 anos.
“Botar o nome de Eduardo entre dezenas de outros, de cujos fatos estão linkados um ao outro... há algum fato sobre Eduardo? Só citam o nome dele. Esse não é o caminho para se buscar a verdade -- o uso político da figura que ninguém teve coragem de enfrentar quando estava vivo”, definiu Beto.
Nota oficial
Na noite de sábado, o PSB lançou uma nota oficial sobre o caso. Segundo o comunicado, assinado pelo presidente nacional Roberto Amaral, foi o próprio partido, então liderado por Campos, que defendeu “desde as primeiras denúncias” a instalação de uma CPI para investigar o caso.
“A reportagem de uma revista semanal registra, sem haver tido acesso ao conteúdo do depoimento [de Costa], uma referência solta do depoente a Eduardo Campos. Essa matéria, com pequenas variáveis, é reproduzida pelos demais veículos gráficos. Não há acusação digna de honesta consideração. Há, apenas, malícia”, diz.
“Morto, Eduardo não pode se defender. Mas seu Partido o fará, em todos os níveis, políticos e judiciais, no cível e no criminal, e para esse efeito já está requerendo acesso ao conteúdo integral do depoimento do administrador da corrupção na Petrobras (...). Não descansaremos enquanto a Petrobras não se livrar dos que, por dentro dela, roubam-na para assim alimentarem a má política. É a homenagem que devemos à memória de Eduardo”, finaliza.