O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, negou o recebimento de propina em esquema envolvendo o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ). Ele depôs por videoconferência ao juiz Sergio Moro, como testemunha de defesa do ex-governador Sérgio Cabral, sobre outro caso, que trata do superfaturamento na terraplanagem do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras.
À saída do prédio da Justiça Federal, nesta quinta-feira (6), Pezão falou com os jornalistas e disse que vai processar quem tiver dito que ele recebeu propina. Em delação premiada, Jonas Lopes Neto, filho do ex-presidente do TCE, Jonas Lopes, disse que o governador teria recebido R$ 900 mil em recursos ilícitos por meio de seu subsecretário de Comunicação, Marcelo Amorim.
"É uma mentira deslavada. Eu nem conheço Jonas Lopes Neto. O Marcelo já depôs. Eu tenho muita tranquilidade quanto a isso. Quem conhece a minha vida, conhece o meu padrão de vida. Isso aí foge a qualquer propósito. A única coisa que eu sei é que vou processá-lo pela mentira. Eu tenho uma vida pública de 32 anos e vocês nunca vão me ver fazer uma ação como essa", disse Pezão.
O governador confirmou que fez uma reunião em sua casa, em 2013, conforme delatado por Jonas Lopes, mas negou que tenha sido discutido repartição de propina entre os conselheiros do TCE. Segundo ele, o motivo da reunião era agilizar processos para liberação de recursos federais para o estado e a realização de obras.
"Teve a reunião. Ele falou que eu era secretário de Obras e eu não era mais secretário de Obras. Nós fizemos aquela reunião porque o estado do Rio de Janeiro é um dos únicos estados do Brasil atendendo a uma recomendação, desde o início do governo Sérgio Cabral, de submetermos todos os nossos editais previamente ao Tribunal de Contas. E a gente fez isso durante quase todo o mandato. E estava demorando muito a análise. E a gente fez isso como precaução. Essa reunião foi para cobrar [agilidade do tribunal]", disse Pezão.
Comperj
Referente à suspeita de superfaturamento na terraplanagem do Comperj, Pezão classificou de mentira. "É uma grande mentira. Tanto que houve arquivamento duas vezes, pedido pela Polícia Federal. Isso é uma mentira deslavada. Infelizmente, as pessoas jogam o seu nome, eu nunca participei dessa conversa, não teve essa conversa na minha presença."
Perguntado se acreditava na inocência do ex-governador Sérgio Cabral, de quem foi vice, e que atualmente está preso em Bangu 8, Pezão respondeu: "Estão dando o direito dele se defender. Eu convivi com o homem público Sérgio Cabral, com a família dele eu tenho um profundo respeito. Se ele errou, cumpra as penas que têm de ser cumpridas."
Pezão vai depor novamente à Justiça Federal nesta sexta-feira (7), desta vez ao juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal. Ele novamente será testemunha de defesa de Sérgio Cabral em processo por corrupção, lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro nacional dentro da Operação Calicute, um desdobramento da Lava Jato, realizada em novembro de 2016 e que levou Cabral à prisão.
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