PF apura denúncias de agressões sofridas por brasileiros deportados dos EUA

Investigação será encaminhada para o departamento americano responsável pelo controle de imigração

27 jan 2025 - 08h53
(atualizado às 09h12)
Brasileiros que foram deportados dos Estados Unidos durante processo de embarque em avião da FAB, no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus neste sábado (25).
Brasileiros que foram deportados dos Estados Unidos durante processo de embarque em avião da FAB, no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus neste sábado (25).
Foto: EDMAR BARROS/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

A Polícia Federal (PF), no Amazonas, instaurou um procedimento para apurar as denúncias de agressões sofridas por brasileiros deportados dos Estados Unidos. A informação é do Fantástico, da TV Globo, exibido neste domingo, 26.

Segundo a emissora, a investigação será encaminhada para o departamento americano que cuida do controle de imigração e para órgãos internacionais de cooperação.

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Denúncias de agressões

Os relatos dos brasileiros que estavam no primeiro voo de deportação realizado durante o segundo governo Trump, na última sexta-feira, 24, são de momentos de angústia e terror.

Eles vieram em uma aeronave dos Estados Unidos com direção a Belo Horizonte (MG), mas o avião precisou fazer um pouso para abastecimento em Manaus (AM) e acabou não concluindo o trajeto. Os brasileiros só chegaram ao destino final no sábado, 25, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).

No desembarque no Aeroporto Internacional de Confins-Belo Horizonte, os brasileiros conversaram com jornalistas que estavam no local. À CNN, alguns deram relatos de verdadeiros maus-tratos sofridos durante a deportação.

"Foi mais difícil voltar do que ir" para os Estados Unidos, disse Matheus Henrique, de 22 anos, natural de Rondônia. Segundo ele, os passageiros voaram amarrados, com os pés e mãos presos, durante o trecho feito no avião norte-americano. "Sofremos um pouco de tortura lá dentro", afirmou.

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Vídeo mostra que brasileiros deportados dos EUA desembarcaram algemados e acorrentados em Manaus
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Quando a aeronave pousou em Manaus para abastecer, os brasileiros disseram que começaram os problemas técnicos. Quando alguém decidia reclamar com os agentes norte-americanos a bordo recebia de volta agressões.

"Eu fiquei sentado até chegar ao meu limite, mas não aguentei mais. Eu pedi [para sair] para eles, e aí [um agente] me enforcou. Não tinha como manter a calma. Tinha crianças chorando", disse Jefferson Maia, também de Rondônia. Ele acrescentou que não "comia direito" há 40 horas e não tomava banho há cinco dias.

Luiz Fernando, do interior de Minas Gerais, contou à reportagem que viu um compatriota levar um mata-leão de um dos agentes e desmaiar.

Ainda à CNN, os passageiros disseram que foram os próprios brasileiros que acionaram a escada de emergência em meio ao tumulto durante o abastecimento em Manaus, o que levou ao cancelamento do voo.

Reação do governo brasileiro

O Ministério das Relações Exteriores informou na noite de sábado, 25, que irá pedir explicações ao governo dos Estados Unidos "sobre o tratamento degradante" dado aos brasileiros deportados. Antes da manifestação do Itamaraty, os agentes da Polícia Federal já estavam orientados a determinar a retirada das algemas.

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No domingo, 26, o Itamaraty também publicou uma nota em que afirma que o uso indiscriminado de algemas e correntes viola os termos do acordo com os EUA, "que prevê o tratamento digno, respeitoso e humano dos repatriados".

Itamaraty vê ‘tratamento degradante’ a deportados e cobrará ‘explicações’ do governo Trump
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A pasta reiterou que o governo brasileiro reuniu informações detalhadas sobre o "tratamento degradante" dado aos brasileiros algemados, nos pés e mãos, no voo de repatriação do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos EUA (ICE).

"O governo brasileiro considera inaceitável que as condições acordadas com o governo norte-americano não sejam respeitadas. O Brasil concordou com a realização de voos de repatriação, a partir de 2018, para abreviar o tempo de permanência desses nacionais em centros de detenção norte-americanos, por imigração irregular e já sem possibilidade de recurso", diz a nota do Itamaraty.

O Terra entrou em contato com a PF a respeito da investigação e aguarda retorno.

*(Com informações do Estadão Conteúdo)

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Fonte: Redação Terra
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