A Polícia Federal cumpriu nesta terça-feira três mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em Brasília envolvendo a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) por suspeita de participação em esquema criminoso dentro do Ministério do Trabalho para a concessão fraudulenta de registros sindicais, na segunda fase de operação deflagrada inicialmente no fim de maio.
A ação, que foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), representa um aprofundamento das investigações da chamada operação Registro Espúrio, que em sua primeira etapa cumpriu mandados contra outros três deputados: Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Wilson Filho (PTB-PB).
De acordo com a Polícia Federal, além dos mandados de busca e apreensão cumpridos nesta terça, serão impostas medidas cautelares contra a parlamentar investigada a pedido da PF e da Procuradoria-Geral da República (PGR), como a proibição de frequentar o Ministério do Trabalho e de manter contato com os demais investigados ou servidores do ministério.
Cristiane Brasil chegou a ser indicada no início do ano pelo presidente Michel Temer para ser ministra do Trabalho, mas não tomou posse porque a Justiça barrou seu nome sob alegação de que ela não tinha condições de assumir o cargo por ter sido condenada em processo trabalhista.
A parlamentar disse nesta terça-feira, por meio de nota oficial, que foi surpreendida pela ação da Polícia Federal porque não tem papel nas decisões tomadas pelo Ministério do Trabalho. "Espero que as questões referentes sejam esclarecidas com brevidade e meu nome, limpo", afirmou.
Segundo as investigações, uma organização composta por políticos, partidos, centrais sindicais e servidores é suspeita de atuar na concessão irregular de registros sindicais junto ao Ministério do Trabalho através do pagamento de propina.
Apenas pela liberação irregular de um único registro sindical houve pagamentos que envolviam valores que chegaram a 4 milhões de reais, de acordo com os investigadores.
Quando da primeira fase da operação, o presidente nacional do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson, que é pai de Cristiane Brasil, disse que a legenda "jamais participou de quaisquer negociações espúrias no Ministério do Trabalho".