PF diz que encontrou pertences de desaparecidos na Amazônia

Cartão de saúde do indigenista Bruno Pereira e mochila com itens pertencentes ao jornalista britânico Dom Philips estão entre objetos

13 jun 2022 - 06h15
(atualizado às 07h54)
Indigenista Bruno Pereira e jornalista britânico Dom Philips
Indigenista Bruno Pereira e jornalista britânico Dom Philips
Foto: TV Globo/Reprodução

A Polícia Federal (PF) afirmou neste domingo, 12, que foram encontrados objetos pessoais pertencentes ao indigenista Bruno Pereira e ao jornalista britânico Dom Philips, desaparecidos na remota área do Vale do Javari, no Amazonas, há uma semana.

Em nota, a PF afirmou que, durante o esforço de busca pelos desaparecidos, foram localizados: um cartão de saúde em nome de Bruno Pereira; uma calça, um chinelo e botas pertencentes ao indigenista; botas e uma mochila pertencentes a Dom Philips contendo roupas.

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Também neste domingo, o Corpo de Bombeiros havia informado ter encontrado na região das buscas uma mochila, calçados e um notebook, item que não foi mencionado na nota da PF.

Foto do cartão de saúde de Bruno Pereira
Foto: Reprodução/GloboNews

Mais cedo, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) afirmou que localizou uma embarcação na área das buscas, possivelmente de propriedade de Oliveira, pescador mais conhecido como "Pelado".

Na nota emitida neste domingo, a PF afirma que a busca fluvial e o reconhecimento aéreo na região concentram-se sobretudo na área onde foi encontrada a embarcação aparentemente de Oliveira.

"No esforço de busca foram percorridos cerca de 25 km, com procuras minuciosas pela selva, em trilhas existentes na região, áreas de igapós e furos do Rio Itaquaí", diz o comunicado.

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"Nada é mais importante do que a busca pelos senhores Bruno Pereira e Dom Phillips. Os órgãos federais e estaduais reforçam o compromisso com a elucidação dos fatos e mantém a esperança de encontrá-los", afirma a PF.

Fotos do local onde os pertences dos desaparecidos foram localizados
Foto: Ronney Elias, da Rede Amazônica

O caso

Dom Philips e Bruno Pereira estão desaparecidos desde 5 de junho no Vale do Javari, região amazônica perto das fronteiras do Peru e da Colômbia.

O rastro dos dois perdeu-se quando viajavam da comunidade de São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte, no estado do Amazonas, aonde deveriam ter chegado na manhã de 5 de junho, segundo as primeiras investigações. Eles viajavam pelo rio Itaquaí em um barco novo, com 70 litros de gasolina, o suficiente para a viagem, e foram vistos pela última vez perto da comunidade de São Gabriel, a poucos quilômetros de São Rafael.

Embarcação da Polícia Federal durante buscas por Dom Philips e Bruno Pereira
Foto: DW / Deutsche Welle

Até agora, "Pelado" é o único suspeito nos desaparecimentos e foi detido na sexta-feira, depois de as autoridades terem encontrado vestígios de sangue num dos seus barcos. O pescador disse ter sido torturado pela Polícia Militar do Amazonas ao ser preso.

Após dias de buscas e poucos resultados, organizações não governamentais e organismos internacionais como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) exortaram o governo de Jair Bolsonaro a intensificar os esforços para encontrar os desaparecidos. Neste domingo, um ato no Rio cobrou resposta ao desparecimento.

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A Terra Indígena do Vale do Javari, a segunda maior reserva indígena do Brasil, é conhecido por ser palco de conflitos entre indígenas e invasores. Segundo informações da Univaja, na qual Pereira atua como colaborador, o indigenista é alvo de ameaças constantes de madeireiros, garimpeiros e pescadores da região.

Atualmente licenciado, Pereira é um dos funcionários mais experientes da Fundação Nacional do Índio (Funai) que atua na região do Vale do Javari. Ele supervisionou o escritório regional da entidade e a coordenação de grupos indígenas isolados antes de sair de licença.

Jornalista veterano e colaborador do The Guardian, Philips vive no Brasil há 15 anos e já escreveu para vários outros veículos internacionais, incluindo Financial Times, New York Times e Washington Post. Atualmente ele trabalha num livro sobre preservação da Amazônia, com apoio da Fundação Alicia Patterson, que lhe concedeu uma bolsa de um ano para reportagens ambientais, que durou até janeiro.

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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