PF encontra dinheiro na cueca de vice-líder de Bolsonaro no Senado, senadores vão ao Conselho de Ética

15 out 2020 - 09h27
(atualizado às 15h39)

A Polícia Federal encontrou dinheiro na cueca de um dos vice-líderes do governo do presidente Jair Bolsonaro no Senado, Chico Rodrigues (DEM-RR), informou à Reuters uma fonte com conhecimento do caso na quarta-feira, e um grupo de senadores anunciou que irá ao Conselho de Ética da Casa contra o parlamentar.

Senador Chico Rodrigues durante reunião com deputado federal Eduardo Bolsonaro em Brasília
09/08/2019
REUTERS/Adriano Machado
Senador Chico Rodrigues durante reunião com deputado federal Eduardo Bolsonaro em Brasília 09/08/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Os recursos foram encontrados pelos agentes da PF quando cumpriam mandado de busca e apreensão em uma operação de combate a desvio de recursos para enfrentamento da Covid-19 em Roraima na casa do parlamentar em Boa Vista, capital do Estado. O dinheiro foi encontrado nas nádegas de Chico Rodrigues por policiais que realizaram a diligência, conforme essa fonte.

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Inicialmente, a fonte informou que a operação havia sido requerida pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo. Posteriormente, ela esclareceu que, na verdade, o autor do pedido foi o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques. A diligência foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e informada ao gabinete do ministro Luís Roberto Barroso, responsável por autorizar a ação.

A Polícia Federal não quis comentar detalhes da operação por ter sido realizada em segredo de Justiça.

Em nota divulgada na quarta, a PF informou que a corporação e a Controladoria-Geral da União haviam deflagrado a "Operação Desvid-19" com o objetivo de desarticular possível esquema criminoso voltado ao desvio de recursos públicos, oriundos de emendas parlamentares. Segundo a corporação, os valores eram destinados ao combate à pandemia do Covid-19, no âmbito da Secretaria de Estado de Saúde de Roraima.

A nota disse ainda que policiais federais foram às ruas cumprir sete mandados de busca e apreensão em Boa Vista por ordem do Supremo.

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Também em nota, um grupo de senadores que pertencem ao "Muda Senado" anunciou que irá ao Conselho de Ética do Senado representar contra o vice-líder por quebra de decoro parlamentar.

"UNIÃO ESTÁVEL"

Em um vídeo antigo, que voltou a circular nas redes sociais após a operação, Bolsonaro diz ter "quase uma união estável" com o senador Chico Rodrigues, que, em réplica fala em "resgate da moralidade" com o chefe do Executivo.

Nesta quinta, o ser questionado sobre o caso por apoiadores ao deixar o Palácio da Alvorada, Bolsonaro repetiu que não há corrupção em seu governo e buscou afastar-se de Rodrigues, que deve perder o posto de vice-líder do governo.

Chico Rodrigues foi eleito para uma das duas vagas do Senado em 2018, na esteira da renovação política, derrotando um dos mais experientes parlamentares do Congresso, Romero Jucá, então candidato à reeleição e à época presidente do MDB. Jucá era um dos principais alvos da Operação Lava Jato.

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O atual senador, de 69 anos, já foi vice-governador e governador por mandato tampão, além de deputado federal e vereador.

Em nota, o senador disse acreditar na Justiça, afirmou que a PF "cumpriu sua parte em fazer buscas em uma investigação na qual meu nome foi citado", mas disse que teve seu "lar invadido por apenas ter feito meu trabalho como parlamentar, trazendo recursos para o combate ao Covid-19 para a saúde do Estado".

"Digo a quem me conhece que, fiquem tranquilos. Confio na justiça, vou provar que não tenho, nem tive nada a ver com qualquer ato ilícito. Não sou executivo, portanto, não sou ordenador de despesas, e como legislativo sigo fazendo minha parte trazendo recursos para que Roraima se desenvolva. Que a justiça seja feita e que se houver algum culpado que seja punido nos rigores de lei", afirmou o senador na nota.

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