PF investiga fraude em intervenção federal no Rio de Janeiro; Braga Netto está entre investigados

Ao todo, 16 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em 4 Estados; militar teve sigilos telefônicos quebrados

12 set 2023 - 10h32
(atualizado às 10h57)
Walter Braga Netto foi nomeado interventor federal na segurança do Rio na ocasião
Walter Braga Netto foi nomeado interventor federal na segurança do Rio na ocasião
Foto: Mateus Bonomi/AGIF via Reuters Connect

A Polícia Federal cumpriu nesta terça-feira, 12, 16 mandados de busca e apreensão no âmbito de uma operação que apura supostas irregularidades na intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro em 2018. Segundo duas fontes ligadas à investigação, o então interventor federal Walter Braga Netto está entre os investigados.

Os 16 mandados no âmbito da Operação Perfídia foram cumpridos nos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Distrito Federal.

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Além de interventor federal na segurança do Rio, Braga Netto foi ministro da Casa Civil e da Defesa no governo Jair Bolsonaro, bem como candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Bolsonaro em 2022. O militar não foi diretamente alvo dos mandados cumpridos nesta terça-feira, mas teve seus sigilos telefônicos quebrados, segundo uma das fontes.

Procurado, Braga Netto não respondeu de imediato a um pedido da Reuters por comentários.

A investigação da PF envolve a aquisição de 9.360 coletes à prova de balas pelo Gabinete da Intervenção Federal junto a uma empresa norte-americana. A suspeita é que houve sobrepreço na compra desses equipamentos.

Polícia suspeita do sobrepreço na aquisição de 9.360 coletes à prova de balas
Foto: Divulgação

O valor total da aquisição foi de US$ 9,4 milhões (cerca de R$ 40 milhões pelo câmbio da época), e o potencial sobrepreço seria na casa dos R$ 4,6 milhões, apontaram as investigações.

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"(A investigação) visa apurar os crimes de patrocínio de contratação indevida, dispensa ilegal de licitação, corrupção ativa e passiva e organização criminosa supostamente praticados por servidores públicos federais", disse a PF em nota.

A intervenção federal ocorreu no governo Michel Temer em 2018, quando o Estado do Rio era comandado pelo ex-governador Luiz Fernando Pezão. O Estado sofria com problemas financeiros e uma onda de violência.

A apuração da PF contou com a cooperação da Agência de Investigações de Segurança Interna dos Estados Unidos, disse a corporação.

O Tribunal de Contas da União (TCU) foi acionado para apurar a contratação e determinou a suspensão do contrato, o valor foi estornado aos cofres públicos em setembro de 2019.

Além dessa contratação, a Operação Perfídia investiga ainda suposto conluio de duas empresas brasileiras que atuam no comércio de proteção balística e teriam formado um cartel deste mercado no Brasil. Segundo a PF, essas empresas possuem milhões de reais em contratos públicos.

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