A Polícia Federal pediu que o inquérito sobre a maior apreensão de madeira ilegal na Amazônia se concentre no Supremo Tribunal Federal (STF), tramitando em conjunto com a apuração que envolve o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
A PF disse que as investigações da operação Handroanthus, que tramitam na Justiça Federal no Pará e no Amazonas, deveriam seguir para o STF por terem relação com o inquérito criminal a que Salles responde pela suspeita de que ele tenha atuado para obstruir uma apuração que levou à apreensão recorde de madeira ilegal na região amazônica.
Na manifestação enviada à ministra Cármen Lúcia, o delegado Thiago Leão Bastos alegou que está ocorrendo um "sério risco de esvaziamento" da jurisdição do STF porque a Justiça de primeira instância estaria "restituindo os instrumentos e produtos do crime". Argumentou que é fundamental o reconhecimento da conexão entre as duas investigações.
"Isso porque ambas as investigações compartilham provas, pois os agentes políticos atuam no sentido de assegurar a impunidade dos investigados pela Polícia Federal, valendo-se, para tanto, de seus cargos de alto escalão do Poder Público", destacou.
A operação Handroanthus, segundo o delegado, é conhecida como a responsável pela maior apreensão de madeira ilegal da história do Brasil, superando a marca de 226 mil metros cúbicos de madeira, totalizando um valor estimado de mais de 129 milhões de reais.
Além do inquérito aberto por Cármen Lúcia contra Salles, o ministro do Meio Ambiente é alvo de outra apuração no STF. No mês passado, o ministro da corte Alexandre de Moraes já havia determinado uma operação de busca e apreensão de documentos e materiais eletrônicos em endereços ligados a ele e decretado a quebra dos sigilos bancário e fiscal de janeiro de 2018 até maio deste ano.
Apesar dessa ofensiva judicial contra o ministro e das críticas à política ambiental do governo, o presidente Jair Bolsonaro tem dado sinais de que prestigia Salles. Após a busca e apreensão, Bolsonaro já disse que ele é um ministro "excepcional", mas enfrenta dificuldades em razão do que ele considera como "setores aparelhados" do Ministério Público.