A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal que decida se o deputado federal Luiz Miranda (DEM-DF) dever ser investigado em conjunto com o presidente Jair Bolsonaro no caso da tentativa de compra das vacinas indianas Covaxin.
O ofício assinado pelo delegado do caso, Leopoldo Lacerda, foi encaminhado à ministra Rosa Weber --relatora do inquérito que apura a possibilidade de Bolsonaro ter cometido o crime de prevaricação ao ter ouvido as denúncias sobre a Covaxin e supostamente não ter agido.
Lacerda questiona se a investigação sobre Miranda, acusado de denunciação caluniosa no mesmo caso, deve ser feita em conjunto com a investigação sobre o presidente, já que se trata do mesmo fato.
"Se a omissão realmente ocorreu, estará descartada a hipótese de denunciação caluniosa. Caso contrário, se não ocorreu a alegada omissão, a denunciação caluniosa, também em tese, pode se caracterizar", diz o delegado em ofício, no qual pede que a ministra decida se a investigação deve ser conjunta ou, então, autorize a abertura de um novo inquérito para investigar a conduta do parlamentar.
O inquérito sobre a atuação de Miranda foi aberto a pedido do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, instigado pelo ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos. Em ofício a Torres, Ramos afirma que, em entrevista à CNN Brasil, Miranda declarou "fatos inverídicos" ao dizer que teria contado a Bolsonaro sobre os problemas na aquisição da Covaxin.
Torres então repassou o pedido de abertura de inquérito ao diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino e pediu providências.
"Diante da gravidade dos fatos narrados, solicito a abertura de inquérito policial e adoção de providências imediatas com vistas à apuração do caso", escreveu Torres.
O próprio presidente já admitiu que recebeu Miranda e seu irmão, servidor da Saúde, Luis Ricardo Miranda, que foi quem fez efetivamente a denúncia. Bolsonaro também não nega ter ouvido o relato, e diz ter repassado a denúncia para o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello.