A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira o ex-assessor especial da Presidência José Yunes e o coronel aposentado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, ambos amigos próximos do presidente Michel Temer, aumentando a pressão sobre o presidente no âmbito do chamado inquérito dos portos.
Além deles, também foi preso o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, outro nome ligado a Temer, e Antonio Celso Grecco, dono da Rodrimar, empresa que opera áreas do porto de Santos que está no centro das investigações. Rossi foi presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o porto de Santos.
As prisões de Yunes, Rossi e Grecco foram confirmadas à Reuters por seu advogados, enquanto a detenção do coronel Lima foi noticiada pela Globonews. A emissora mostrou imagens do ex-coronel sendo escoltado por ao menos um agente da PF até uma ambulância na porta da sua casa em São Paulo.
Os mandados de prisão temporária e de busca e apreensão foram expedidos pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendendo a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, informou em comunicado a Procuradoria-Geral da República.
"Como se tratam de cautelares que ainda estão em cumprimento pela PF, para embasar investigações em curso, o Ministério Público Federal (MPF) não divulgará, por ora, os nomes dos alvos dos mandados", acrescentou a Procuradoria.
A Polícia Federal informou que não vai se manifestar "a respeito das diligências realizadas na presente data" por determinação do Supremo. Procurado, o STF não estava disponível de imediato para comentar.
O Palácio do Planalto não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre a prisão de Yunes, que trabalhou como assessor de Temer de julho a dezembro de 2016, primeiro como chefe de gabinete adjunto e depois como assessor especial. Ele pediu demissão após ser citado em delação premiada como tendo recebido recursos irregulares em nome do presidente.
Yunes, que é advogado, e o coronel Lima tiveram seus sigilos bancários quebrados pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso na mesma decisão em que foi decretada a quebra do sigilo de Temer no âmbito do chamado inquérito dos portos.
Nesse inquérito, Temer é investigado ao lado de aliados sob suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na edição do decreto para prorrogar os contratos de concessão e arrendamento portuários, que teria beneficiado a empresa Rodrimar S.A., que opera áreas do porto de Santos.
Também como parte dessa investigação, a PF enviou diversas perguntas a Temer no início deste ano, incluindo se ele sabia da entrega de valores pelo doleiro Lúcio Funaro a Yunes e se o presidente orientou Yunes e o coronel Lima a receberem os recursos e se o dinheiro foi usado por Temer.
No início de 2017, em entrevista à revista Veja, Yunes afirmou que teria recebido um "pacote" de Funaro, a pedido do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
"É inaceitável a prisão de um advogado com mais de 50 anos de advocacia, que sempre que intimidado ou mesmo espontaneamente compareceu a todos os atos para colaborar", disse o advogado José Luis Oliveira Lima, que representa Yunes.
O advogado de Rossi, Rafael Chiaradia, disse que seu cliente nunca sequer foi chamado para depor no inquérito dos portos e que desconhece as alegações para a prisão. "Acreditamos que a prisão é abusiva e vamos tentar todos os meios para revertê-la o mais rápido possível", disse.
Não foi possível fazer contato com representantes do coronel Lima, enquanto o advogado de Grecco, da Rodrimar, disse que ainda não tinha detalhes sobre a prisão.
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