O adolescente de 16 anos que se entregou à Polícia Civil, após matar o pai, a mãe e a irmã, confessou o crime com 'tranquilidade', mas ficou surpreso ao saber que seria apreendido, afirmou o delegado Roberto Afonso, responsável pela investigação do caso em São Paulo.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Em entrevista à imprensa na manhã desta terça-feira, 21, o delegado deu detalhes sobre as investigações sobre o crime, ocorrido na última sexta-feira, 21, na zona oeste da capital paulista. Segundo Afonso, a Polícia Civil vai traçar um perfil do jovem, que foi encaminhado à Fundação Casa.
O delegado ressaltou que as investigações estão em fase inicial, mas que se sabe que a família era pacata e vivia há cerca de dois anos no local. “Ele se entregou no domingo, o crime foi na sexta, se passaram mais de 24h. Num primeiro momento, ao ser entrevistado, ele estava tranquilo. Acabou confessando o que houve".
"O remorso é uma questão bastante difícil de estabelecer aqui. Ele falou com tranquilidade do que houve? Falou. É difícil imaginar que você mata os pais e tem uma tranquilidade para falar sobre isso”, disse. “Sempre chama atenção [a frieza], são familiares. Matou três. Tem um espaçamento de tempo, ele poderia ter desistido em algum momento", afirmou o delegado à rádio Itatiaia.
De acordo com o registro da ocorrência, o jovem disse à polícia que estava com raiva dos pais, por terem confiscado seu celular, e que sempre houve desentendimentos entre eles. O garoto foi adotado pela família quando tinha 3 anos.
Afonso reiterou que as motivações para o crime serão investigadas, bem como a relação do adolescente com os familiares. "Ainda estamos investigando uma série de circunstâncias que estão em volta do fator principal que é a motivação do crime, em relação à perda do aparelho de telefonia móvel. Ele falou que a família estava reticente com ele, que ele era ‘vagabundo’, porque devia estar o dia inteiro no telefone".
Ainda de acordo com o delegado, a Polícia Civil aguarda a perícia do computador e do celular do adolescente, assim como dos familiares. Um dos objetivos da investigação é apurar a participação de terceiros e se o garoto teve contato com alguém durante o fim de semana. O caso é apurado pelo 33º Distrito Policial de São Paulo.
Entenda o caso
Em depoimento, o adolescente relatou que, na noite anterior ao crime, foi chamado de “vagabundo” pelos pais, teve o celular retirado e que não poderia usá-lo para fazer uma apresentação da escola. Por isso, planejou as mortes, conforme o boletim de ocorrência.
O pai tinha uma arma em casa por ser integrante da Guarda Civil Municipal de Jundiaí, e o garoto sabia onde o armamento ficava guardado. Ele chegou a fazer um teste enquanto estava sozinho, e o disparo acertou o colchão dos pais.
Na tarde de sexta-feira, ele esperou o pai chegar em casa depois de buscar a irmã na escola. Na cozinha, ele atirou contra o pai, que estava de costas. A irmã ouviu o disparo e foi até o cômodo, sendo baleada em seguida, no rosto. No depoimento, o garoto disse que “teve que” matar a irmã por ela ter ido até a cozinha.
Depois de matar os dois, ele almoçou em casa e foi para a academia. Ao voltar, esperou a mãe chegar, abriu o portão e a matou quando ela viu os corpos do marido e da filha. No dia seguinte, o adolescente esfaqueou o corpo da mãe, alegando que ainda estava com raiva dela, segundo O Globo.
A arma com munições foi encontrada pela polícia e apreendida. Quando a polícia chegou na casa, após ser acionada pelo autor do crime, os corpos de Isac Tavares Santos, Solange Aparecida Gomes e Letícia Gomes Santos já estavam em decomposição e tinham marcas de tiros.
O caso foi registrado como ato infracional de homicídio --feminicídio; ato infracional de posse ou porte ilegal de arma de fogo e ato infracional-- vilipêndio a cadáver no 33° DP (Pirituba).