Advogado de PMs contesta vídeo de morte de jovem em favela

30 set 2015 - 14h23
Foto: José Lucena / Futura Press

O advogado Felipe Simão, que representa três policiais militares dos cinco acusados de forjarem um auto de resistência no Morro da Providência, no centro do Rio, disse que o vídeo amador que mostra a ação dos policiais não transmite a realidade. Os policiais estão sendo investigados por supostamente colocar uma arma na mão de um jovem de 17 anos, já morto, e efetuarem disparos com ele, para parecer que a vítima foi morta depois de atirar nos policiais.

As imagens mostram inicialmente um policial entregando para outro, que está ao lado da vítima, um objeto preto. Depois, um dos policiais pega a arma, que seria da vítima, e efetua disparos para o alto.

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Segundo o advogado, o primeiro objeto entregue pelo policial ao outro é um rádio transmissor, que teria caído das mãos do adolescente, e não uma arma. “As imagens mostram supostamente um policial entregando uma arma para o outro que, posteriormente, efetua um disparo. Mas o objeto entregue, naquele momento, é um rádio transmissor que a vítima deixou cair ao ser baleada”, disse.

Em relação aos disparos feitos com a suposta arma da vítima, Simão disse que o policial efetuou os disparos porque tinha medo de levar a arma carregada para a delegacia. O advogado classificou a forma como o tiro foi efetuado como “equivocada” por parte do militar.

“O propósito do disparo foi que o rapaz (policial) ficou com medo de transportar o armamento até a delegacia com munição, aí ele atira para realizar esse deslocamento com segurança. Ele teve medo de apertar o gatilho para realizar esse procedimento, aí acabou agindo dessa forma equivocada, mas sem intenção nenhuma de fraudar os fatos ou disfarçar os acontecimentos. Nós temos fotos de dias anteriores ao caso, em que o garoto porta uma arma. Usaremos essas imagens na defesa dos policiais.”

De acordo com ele, o vídeo não mostra o momento em que o policial retira, das mãos do adolescente, um revólver que ele supostamente portava. O advogado diz que tirar a arma da mão da vítima é um procedimento comum, porque, em geral, as pessoas começam a se juntar no local do crime minutos depois.

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“E isso representa uma situação de risco tanto para eles como para os policiais. E essa arma foi levada para a delegacia. Não faz sentido nenhum eles manipularem a cena, de modo que [os policiais] efetuassem o disparo e deixassem o armamento na mão da vítima. Nenhum.”

A Polícia Militar informou, em nota, que “não compactua com nenhum desvio de conduta, e lembrou o princípio que o policial militar deve seguir para o desempenho de sua função, que é o fiel cumprimento da lei”.

“Assim que o comandante da Unidade de Polícia Pacificadora do Morro da Providência tomou conhecimento, através de denúncia de moradores, adotou as medidas pertinentes, prendendo-os disciplinarmente de imediato. Os policiais foram conduzidos para prestarem depoimento na Polícia Civil, sendo posteriormente conduzidos para a Unidade Prisional da Polícia Militar”, disse a nota.

A PM encerra a nota dizendo que os presos responderão na esfera da Justiça comum, na esfera da Justiça militar, e que serão submetidos a um processo administrativo disciplinar, que poderá resultar na expulsão dos mesmos das fileiras da Corporação.

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Paulo Roberto Mello Cunha Júnior, promotor de Justiça que atua junto a auditoria de Justiça militar, afirmou que o Ministério Público acompanha o desenrolar do caso, e as investigações, que estão a cargo da Divisão de Homicídios, para, aí sim, tomar alguma atitude. “Sabemos que a Polícia Militar já instaurou inquérito para esses policiais, e quando se encerrarem as investigações, nós vamos analisar os fatos que foram apurados , provavelmente havendo uma denúncia”, adiantou.

Agência Brasil
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