Advogado quer descaracterizar tese de homicídio na morte de cinegrafista

10 fev 2014 - 19h11

O advogado Jonas Tadeu Nunes revelou nesta segunda-feira a tese da defesa do manifestante Fábio Raposo, 22 anos, investigado pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, 49 anos. O jornalista foi vítima de um explosivo durante a cobertura de uma manifestação na última semana e teve morte cerebral. Para defender o ativista, o advogado alegará lesão corporal gravíssima seguida de morte para se contrapor à acusação da Polícia Civil de homicídio qualificado.

"Para nós, houve uma lesão corporal gravíssima seguida de morte. Não há homicídio porque não existiu a vontade livre e consciente de acender isso (o rojão) para atingir o jornalista", disse Jonas Tadeu. Para ele, Fábio e os demais envolvidos deveriam responder por dolo eventual. "Passar um rojão é bem diferente de uma arma de fogo, que com certeza pode lesionar."

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O advogado espera, com a tese de lesão corporal, reduzir a pena do acusado. "Existe aí a imprudência, a negligência, porque eles poderiam ter acendido e usado aquilo de outra maneira, não estou eximindo eles de culpa ou responsabilidade", completou o advogado.

Jonas Tadeu falou à imprensa ao deixar a 17ª Delegacia de Polícia, na zona norte do Rio. Ele esteve no local para dar à polícia referências de um intermediário que pode identificar mais um dos suspeitos de participar do lançamento do artefato que atingiu o cinegrafista. O advogado tenta também usar a tese da delação premiada para reduzir os agravantes do crime.

Segundo ele, o delegado responsável pelo caso, Maurício Luciano, ainda não aceitou a oferta, mas que as justificativas da Polícia Civil para recusar serão questionadas na Justiça.

O advogado também pediu ao suspeito indicado por Fábio que se entregue à polícia. "A defesa que fazemos aqui será a mesma para essa pessoa. Se ele for inteligente, ele se apresentará e colaborará com a polícia", declarou. O advogado não chegou a conversar com o segundo suspeito, entrou em contato apenas com o intermediário indicado por Fábio, que se entregou no final de semana.

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Atingido em protesto, cinegrafista tem morte cerebral

Santiago foi atingido na cabeça por um rojão durante a cobertura de um protesto contra o aumento do preço do ônibus no Centro do Rio de Janeiro, no dia 6 de fevereiro. Além dele, outras seis pessoas ficaram feridas na mesma manifestação. 

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, o cinegrafista chegou em coma ao hospital municipal Souza Aguiar. Ele sofreu afundamento do crânio, perdeu parte da orelha esquerda e passou por cirurgia no setor de neurologia. A morte encefálica foi informada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) no início da tarde do dia 10 de fevereiro, após ser diagnosticada pela equipe de neurocirurgia do hospital, onde ficou internado no Centro de Terapia Intensiva desde a noite do dia 6.

O tatuador Fábio Raposo confessou à polícia ter participado da explosão do rojão que atingiu Santiago. Ele foi preso na manhã de domingo em cumprimento a um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. O delegado Maurício Luciano, titular da 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão) e responsável pelas investigações, disse que Fábio já foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado e crime de explosão e que a pena pode chegar a 35 anos de reclusão.

De acordo com o delegado, Fábio está colaborando com as investigações, mas ainda não é possível afirmar se ele entrará no programa de delação premiada. A defesa do rapaz e a polícia estão em negociação, para que o tatuador possa colaborar ainda mais com a investigação.

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Fábio afirmou à polícia não saber o nome do segundo suspeito de participar da explosão que resultou na morte do cinegrafista. Segundo o advogado do jovem, Jonas Tadeu, seu cliente realmente não sabe o nome do homem apontado como o principal suspeito de ter acionado o explosivo que atingiu Santiago. Eles seriam apenas conhecidos de manifestações anteriores, já que Fábio era assíduo frequentador de protestos populares no Rio.

Agência Brasil
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