Um guerreiro. Um sujeito muito carismático, animado e trabalhador. É assim que três amigos moradores da Rocinha descrevem Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, 25 anos, encontrado morto numa creche da favela Pavão-Pavãozinho na última terça-feira.
A morte gerou confrontos violentos que tomaram duas ruas do bairro de Copacabana e reacenderam o debate em torno das UPPs na capital fluminense. O Rio e seu bairro mais famoso viraram manchete em todo o mundo a menos de dois meses da Copa do Mundo.
Andrézinho, 25 anos, cantava e dançava no grupo Moleques Assanhados quando falou pela primeira vez com DG, como o jovem era mais conhecido. "Ficamos amigos. Ele era de um grupo concorrente, o Bonde da Madrugada, mas criamos uma irmandade. Logo começamos a fazer shows juntos, viajar para São Paulo, trabalhar em projetos", conta.
Mais jovem, o DJ Geléia, 19 anos, diz que teve pouco contato com DG, mas que sempre ouviu coisas boas a seu respeito e, até onde sabe, o jovem era "uma ótima pessoa".
Entristecido com a notícia, o grupo lembra que não é a primeira vez que um amigo dançarino é encontrado morto.
Em janeiro de 2012, Gualter Rocha, o Gambá, foi visto pela última vez num baile na comunidade Mandela, em Manguinhos.
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Conhecido como "rei do passinho", Gambá é visto como um ídolo por Wallace, 20 anos, que tenta trilhar trajetória parecida com a dele e a de DG.
"Os dois eram muito animados. O DG era um cara esforçado, tinha namorada, tinha uma filhinha de 4 anos. Trabalhava como mototáxi na comunidade e também como dançarino da TV Globo, no Esquenta. Ele não era bandido", diz.
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Copacabana, no Rio de Janeiro, amanheceu em clima de tensão depois do protesto e tiroteio após morte de um dançarino em favela no entorno da comunidade Pavão-Pavãozinho
Foto: Daniel Ramalho
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O dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira foi encontrado morto em uma creche no morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na terça-feira
Foto: Daniel Ramalho
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Segundo o advogado da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil que acompanha a família da vítima, DG, como era conhecido, já havia se desentendido com policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade
Foto: Daniel Ramalho
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Douglas foi encontrado morto na tarde de terça- feira e a morte dele motivou um protesto com objetos incendiados, um morto e ruas interditadas
Foto: Daniel Ramalho
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Segundo o advogado Rodrigo Mondego, a família de Douglas quer esclarecer vários indícios sobre o corpo do dançarino
Foto: Daniel Ramalho
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A declaração de óbito de Douglas aponta 'ferimento transfixante' como causa da morte
Foto: Daniel Ramalho
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"Muito provavelmente isso é tiro. É um objeto que perfurou o tórax", disse o advogado
Foto: Daniel Ramalho
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A polícia, no entanto, disse que não há marcas de tiros no corpo de Douglas
Foto: Daniel Ramalho
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O dançarino foi achado em uma parte estreita de uma creche da favela por um morador que chamou a polícia
Foto: Daniel Ramalho
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O advogado disse que a família estranhou o fato de o corpo ter sido achado molhado, apesar de não ter chovido na região e da área não ter saída de água
Foto: Daniel Ramalho
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"O rosto dele estava muito machucado, como se tivesse apanhado muito", disse o advogado Rodrigo Mondego
Foto: Daniel Ramalho
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Douglas foi visto vivo à 1h de terça-feira (22) e o corpo foi encontrado horas depois, às 14h. Ele morava com a mãe em Copacabana e deixou uma filha de 4 anos
Foto: Daniel Ramalho
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Moradores da favela do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, no Rio de Janeiro, protestaram na noite desta terça-feira contra a morte de Douglas Rafael da Silva Pereira, 25 anos, dançarino de um programa de auditório da Rede Globo
Foto: Murilo Rezende
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Policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) afirmam que foram chamados por moradores para retirar o corpo de Douglas de dentro de uma escola. ONGs que atuam na área disseram terem ouvido relatos que o dançarino teria morrido após ser espancado por policiais da UPP
Foto: Murilo Rezende
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Objetos foram incendiados, barricadas montadas e a estação do metrô da rua Sá Ferreira foi fechada
Foto: Fernando Frazão
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A manifestação interditou vias importantes do bairro, como a avenida Nossa Senhora de Copacabana e o túnel Sá Freire Alvim
Foto: Fernando Frazão
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Um homem aparentando 30 anos levou um tiro na cabeça durante os protestos e já chegou morto ao hospital
Foto: Fernando Frazão
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Um menino de 12 anos também foi baleado. Segundo relato de moradores, o garoto, que tem problemas mentais, descia uma ladeira com as mãos para cima no momento em que foi atingido
Foto: Fernando Frazão
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Douglas em participação no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé, no qual atuava como dançarino: "S2 REGINA & D.G S@", escreveu ele na legenda
Foto: Facebook
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Na foto, Douglas posa com a funkeira Valesca Popozuda: "Desejo a todos inimigos vida longa!", escreveu ele na legenda. Em sua conta no Facebook, Douglas aparece ao lado de famosos. Ele era dançarino no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé
Foto: Facebook
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Douglas posa com a funkeira Anita: "Minha Esposaa rsrsrsrsr SQN !!!! ANITTA s2", escreveu ele na legenda da foto usada em seu perfil no Facebook. Ele era dançarino no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé
Foto: Facebook
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Douglas ao lado do músico Gabriel o Pensador: "Ele é o Cara!", escreveu ele na legenda. Em sua conta no Facebook, Douglas aparece ao lado de famosos. Ele era dançarino no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé
Foto: Facebook
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Douglas ao lado da cantora Cláudia Leite: "Eu & Ela Claudia Leite", escreveu ele na legenda. Em sua conta no Facebook, Douglas aparece ao lado de famosos. Ele era dançarino no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé
Foto: Facebook
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Maria de Fátima da Silva comparou a morte do filho, o dançarino DG, ao desaparecimento de Amarildo e disse que "UPPs são uma farsa"
Foto: Daniel Ramalho
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Laudo do IML mostra as causas da morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira
Foto: Daniel Ramalho
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Maria de Fátima foi à delegacia prestar depoimento e mostrar o laudo da perícia que contém o atestado de óbito apontando como causa de morte uma "hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax"
Foto: Daniel Ramalho
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Documento de identidade do dançarino do Esquenta, Douglas Rafael da Silva Pereira
Foto: Daniel Ramalho
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"Tenho certeza de que ele foi torturado", afirmou a mãe do dançarino
Foto: Daniel Ramalho
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A mãe do dançarino falou que gostaria de ficar com uma memória alegre do filho
Foto: Daniel Ramalho
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Ela diz ter a convicção de que Douglas foi torturado antes de morrer
Foto: Daniel Ramalho
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Maria de Fátima da Silva, mãe do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, vela o filho
Foto: Daniel Ramalho
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A Polícia Civil confirmou que havia uma perfuração de tiro no corpo do dançarino
Foto: Daniel Ramalho
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Na entrada do velório, Maria de Fátima disse ao Terra que se a perícia sobre a causa da morte não for correta, ela mesma desenterrará o corpo
Foto: Daniel Ramalho
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O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse em entrevista coletiva que não descarta hipótese de policiais terem matado Douglas
Foto: Governo do Rio
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Amigos mototaxistas dão último adeus no funeral do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, encontrado morto em uma creche no morro Pavão-Pavãozinho
Foto: Ale Silva
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Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho
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Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho
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Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho
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Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho
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Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho
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Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho
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Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho
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Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho
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A apresentadora Regina Casé participa do enterro de DG, dançarino de seu programa, Esquenta
Foto: Douglas Schineidr
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Policiais se preparam para a reconstituição da morte de DG na favela Pavão-Pavãozinho
Foto: Marcelle Ribeiro
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Para a reconstituição, equipes da polícia interditaram uma área no alto do morro, perto da creche onde o dançarino foi encontrado morto
Foto: Marcelle Ribeiro
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Policiais durante a reconstituição da morte de DG. Ao fundo, os moradores pintaram o rosto do dançarino na parede de um barraco, com inscrições "Justiça Douglas DG"
Foto: Marcelle Ribeiro
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Os peritos colocaram uma escada, apoiada no muro de trás da creche onde DG foi encontrado morto.
Foto: Camila Soares
UPPs
Andrézinho diz que as UPPs mudaram a rotina das comunidades cariocas, mas faz ressalvas.
"Houve melhoras, claro. Mas na época do tráfico todos tinham medo de quebrar as leis deles. Hoje em dia você é tratado com muito preconceito. Se tiver cabelo tingido de louro, usar boné e corrente, já vai ser revistado e tratado como criminoso pelos soldados", explica.
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Para ele, DG foi confundido com traficantes e acabou sendo alvo da polícia. "Até onde eu sei não houve troca de tiros nem confronto. Ele foi encontrado já morto, com marcas de violência", diz.
DG morreu devido a uma "hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax, derivada de ação pérfuro-contundente", de acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML).
Para fontes da PM citadas pela mídia local, o laudo mostra que ele teria sido vítima de um tiro, já que aponta perfuração no tórax, mas as causas oficiais ainda não foram divulgadas e o caso segue permeado de dúvidas.
A mãe do dançarino, Maria de Fátima, diz que o corpo e os documentos do filho estavam molhados e que ouviu relatos de testemunhas apontando que ele teria sido alvo de tortura, confundido com traficantes durante operação da polícia.
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"Não descarto (o envolvimento de policiais), absolutamente", disse José Mariano Beltrame, secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. "Mas não podemos condená-los de antemão. Várias hipóteses estão sendo examinadas, precisamos de respostas técnicas, não entrar em uma guerra de informação."
"O que aconteceu com ele foi uma injustiça. É muito difícil, mas temos que seguir em frente. O funk, o passinho, a dança são coisas que mudam a vida de muitas pessoas. Minhas letras são uma maneira de eu me expressar, minhas coreografias também", diz Andrézinho.
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