A bacharel em direito Elize Matsunaga, 35 anos, será interrogada a partir das 9h30 deste domingo pelo juiz Adilson Paukoski, e conhecerá a sua sentença ao final do dia. A ré é acusada de matar o marido, Marcos Matsunaga, 42 anos, em maio de 2012. A vítima foi baleada na cabeça e posteriormente teve o corpo esquartejado em seis partes, que foram encontradas no intervalo de uma semana em diversos pontos da cidade de Cotia, na Grande São Paulo.
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O júri de Elize, que acontece no Fórum Criminal da Barra Funda, entra assim no seu sétimo dia. Desde segunda-feira, foram mais de 60 horas para os depoimentos de 16 testemunhas e a apresentação das provas contidas nos autos. O conselho de sentença, formado por quatro mulheres e três homens tem se mostrado especialmente participativo, apresentando inúmeros questionamentos para as testemunhas. Ness
e sábado, foram apenas apresentados documentos contidos no processo e a sessão se arrastou com acusações de ambos os lados de "travamento" dos trabalhos.
Como Elize é ré confessa, a principal disputa entre a sua defesa e o Ministério Público está nas qualificadoras do crime, que no caso de serem confirmadas ou não podem aumentar ou diminuir a pena em até dez anos. A pena prevista para os casos de homicídio é de seis anos a vinte anos de prisão e caso as três qualificadoras sejam confirmadas, pode alcançar 30. Presa desde junho de 2012, ela já cumpriu quatro anos e meio de cárcere. Atualmente ela está no presídio feminino de Tremembé, no interior do Estado.
A previsão é a de que Elize responda às perguntas de seus advogados, mas recuse as eventuais questões do Ministério Público, encarregado da acusação, o que está previsto em lei. Em seguida ela ficará disponível as perguntas dos sete jurados que compõe conselho de sentença. O processo todo deve durar entre quatro e seis horas.
Após o interrogatório, serão cinco horas de debate entre acusação e defesa. No primeiro momento, o Ministério Público dispõe de uma hora e meia, mesmo tempo destinado aos advogados de Elize. Depois disso, cada uma das partes terá mais uma hora cada para réplica e tréplica.
Somente depois do debate é que o conselho de sentença vai se reunir para definir o resultado do julgamento, o que deve acontecer somente no início da madrugada.
O advogado Luciano Santoro, que foi professor de direito de Elize na faculdade, disse que ela vai manter a versão sustentada desde o crime. Que matou Marcos após uma discussão provada por ciúme. Dias antes da morte ela contratou um detetive, que apresentou imagens do empresário em companhia de uma outra mulher.
"Ela já falou à polícia, à perícia, e ao juiz. Elize sempre manteve a mesma versão. Tenho certeza que vai manter o que disse até agora, porque é a verdade", disse ele. Santoro afirmou que sua cliente está ansiosa pelo momento.
Para o promotor José Carlos Cosenzo, a história contada por Elize é só parte da verdade. Ele sustenta que ela premeditou o crime e atingiu Matsunaga sem dar ao empresário qualquer chance de defesa. E vai além. Acredita que ela cortou a cabeça do ex-marido quando ele ainda estava vivo.
"Não tenho dúvidas de que as três qualificadoras estão presentes. Ela agiu por motivo torpe, não permitiu a defesa da vítima e atuou com crueldade, cortando a cabeça do marido ainda vivo, conforme atestado pela perícia oficial".
O crime
O executivo da Yoki, Marcos Kitano Matsunaga, 42 anos, foi considerado desaparecido em 20 de maio de 2012. Sete dias depois, partes do corpo foram encontradas em Cotia, na Grande São Paulo. Segundo apuração inicial, o empresário foi baleado e depois esquartejado.
Principal suspeita de ter praticado o crime, a mulher dele, a bacharel em Direito e técnica em enfermagem Elize Araújo Kitano Matsunaga, então com 31 anos, teve a prisão temporária decretada pela Justiça no dia 4 de junho de 2012.