Após morte de cinegrafista, Renan defende agravar crime

10 fev 2014 - 18h16
(atualizado às 20h08)

O presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu nesta segunda-feira a punição "exemplar” dos envolvidos na morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Ilídio Andrade e se comprometeu a colocar o Legislativo para "agravar o crime". O senador criticou a "brutalidade" nas manifestações e disse que o Estado não pode passar a ideia para a sociedade de que o crime compensa.

"Vamos telefonar para a família do cinegrafista, e o Congresso Nacional vai fazer a sua parte no sentido de agravar qualquer punição que possa ser dada, para que isso não volte a existir", disse. “Agravar o crime para que você puna exemplarmente. É preciso esclarecer e agravar para que essas coisas não voltem a acontecer. Quando você pune levemente você passa a ideia para a sociedade que o crime compensa e o crime não pode compensar", acrescentou, sem deixar claro se pretende sugerir uma legislação mais dura para crimes cometidos contra jornalistas ou sobre crimes violentos em geral. 

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A morte do cinegrafista ocorre no momento em que o Senado coloca como destaque de sua pauta o projeto que prevê pena de 15 a 30 anos por atos de terrorismo. Opositores ao texto acreditam que a proposta pode ser uma tentativa do governo em reprimir as manifestações durante a Copa do Mundo de 2014. O projeto deve ir à votação até semana que vem.

Em entrevista a jornalistas, Renan disse que o "direito de opressão" não pode se sobrepor nas manifestações de rua. "As pessoas não podem confundir direito de expressão com direito de opressão. Direito de expressão todos devem ter e direito de opressão ninguém deve ter", disse.

Renan deu as declarações depois de o Conselho de Comunicação do Congresso Nacional elaborar uma nota de repúdio contra a violência a jornalistas. O texto cobra ações imediatas do governo para evitar situações semelhantes.

Senadores cobram votação de projeto

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Com a morte do cinegrafista, senadores defenderam nesta tarde, em plenário, a aprovação do projeto que tipifica o crime de terrorismo. Para Jorge Viana (PT-AC), o crime cometido contra o funcionário da TV Bandeirantes se enquadraria na nova legislação.

“É o caso. Foi usado um explosivo. Não é um rojão de festa junina. Foi usada uma bomba. Muitas pessoas poderiam ter morrido”, disse. “É uma bomba feita com pólvora e com detonador, que, se acendida e apontada para um grupo de pessoas, mata muita gente. E ela foi colocada nas costas do jornalista para matar, para causar danos. Foi, sim, uma ação terrorista o que nós vimos na manifestação”, afirmou.

O senador Paulo Paim (PT-RS), que presidia a sessão, afirmou que abriria mão de um requerimento para debater o projeto na Comissão de Direitos Humanos, acelerando a análise da proposta. “Em vez de nós debatermos lá na Comissão de Direitos Humanos, eu renuncio ao meu requerimento e nós votamos a matéria aqui, num amplo debate, de forma tal que aqueles que cometem crimes – e esse é o fato real de um crime – possam ser punidos com o rigor da lei, exemplarmente”, disse.

Atingido em protesto, cinegrafista tem morte cerebral

Santiago foi atingido na cabeça por um rojão durante a cobertura de um protesto contra o aumento do preço do ônibus no Centro do Rio de Janeiro, no dia 6 de fevereiro. Além dele, outras seis pessoas ficaram feridas na mesma manifestação. 

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De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, o cinegrafista chegou em coma ao hospital municipal Souza Aguiar. Ele sofreu afundamento do crânio, perdeu parte da orelha esquerda e passou por cirurgia no setor de neurologia. A morte encefálica foi informada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) no início da tarde do dia 10 de fevereiro, após ser diagnosticada pela equipe de neurocirurgia do hospital, onde ficou internado no Centro de Terapia Intensiva desde a noite do dia 6.

O tatuador Fábio Raposo confessou à polícia ter participado da explosão do rojão que atingiu Santiago. Ele foi preso na manhã de domingo em cumprimento a um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. O delegado Maurício Luciano, titular da 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão) e responsável pelas investigações, disse que Fábio já foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado e crime de explosão e que a pena pode chegar a 35 anos de reclusão.

De acordo com o delegado, Fábio está colaborando com as investigações, mas ainda não é possível afirmar se ele entrará no programa de delação premiada. A defesa do rapaz e a polícia estão em negociação, para que o tatuador possa colaborar ainda mais com a investigação.

Fábio afirmou à polícia não saber o nome do segundo suspeito de participar da explosão que resultou na morte do cinegrafista. Segundo o advogado do jovem, Jonas Tadeu, seu cliente realmente não sabe o nome do homem apontado como o principal suspeito de ter acionado o explosivo que atingiu Santiago. Eles seriam apenas conhecidos de manifestações anteriores, já que Fábio era assíduo frequentador de protestos populares no Rio.

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Fonte: Terra
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