Os policiais envolvidos no morte do estudante Roberto Laudisio Curti podem enfrentar processo criminal. A Comissão de Integridade da Polícia do Estado de New South Wales (NSW), na Austrália, enviou relatório à Promotoria Pública recomendando a punição de parte do grupo que participou da perseguição ao brasileiro.
Em 18 de março de 2012, Roberto Laudisio foi seguido pelas ruas do centro de Sydney, após ser acusado de roubar um pacote de biscoitos de uma loja de conveniências. Abordado por 11 policiais, ele morreu depois de receber 14 disparos de armas de choque (Taser). Alguns dos disparos aconteceram depois que o brasileiro já estava algemado.
Os policiais ainda usaram spray de pimenta e um cacetete para manter Laudisio no chão. Um inquérito, realizado em novembro do ano passado, constatou que o estudante sofreu reação adversa ao uso de uma pequena quantidade de LSD. Roberto Laudisio estava desarmado. Uma porta-voz da Comissão de Integridade da Polícia disse que não poderia revelar quantos ou quais policiais devem ser processados, mas a magistrada responsável pelo inquérito havia recomendado a punição de cinco dos onze envolvidos na abordagem.
"As principais funções da comissão são detectar, investigar e prevenir comportamento inadequado na polícia, mas daremos mais informações somente após a promotoria se manifestar”, disse a porta-voz. Em nota, a familia de Roberto Laudisio Curti comentou a decisão.
"Acreditamos que a recomendação é um passo na direção certa e que o promotor vai levar isso em consideração. Nunca vamos esquecer as imagens horríveis do Beto sendo atingido repetidamente pelas armas de choque e spray de pimenta, quando já estava no chão. Queremos que os envolvidos sejam responsabilizados por sua morte terrível, porque já passou mais de um ano e esses policiais ainda continuam atuando normalmente nas ruas de Sydney", afirmou a família.
O cônsul-adjunto do Brasil em Sydney, André Costa, também saudou o relatório, mas cobrou mais atitude do governo brasileiro. “Gostaria que tivéssemos uma postura mais firme em relação à responsabilidade do Estado australiano pela tragédia que acometeu o estudante brasileiro. Fico frustrado porque, mesmo dentro do Itamaraty, alguns colegas trataram o caso como 'fatalidade', mas imagina o que aconteceria se um cidadão australiano fosse torturado e assassinado pela polícia brasileira?", questionou ele.