Beltrame não descarta que tiro de PM matou dançarino

Para secretário, favelas com UPPs estão sofrendo com ações orquestradas pelo tráfico

23 abr 2014 - 19h38
(atualizado às 19h42)
Documento de identidade do dançarino do Esquenta, Douglas Rafael da Silva Pereira
Documento de identidade do dançarino do Esquenta, Douglas Rafael da Silva Pereira
Foto: Daniel Ramalho / Terra

O secretário de Segurança do Rio de Janeiro José Mariano Beltrame afirmou na noite desta quarta-feira que não descarta a possibilidade de envolvimento de policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do pavão-pavãozinho, em Copacabana, na morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira. O secretário disse que já tem o nome dos dez policiais militares (PMs) que participaram de uma ação que terminou em troca de tiros na noite anterior ao encontro do corpo de Pereira, conhecido como DG, e que as armas desses policiais estão sendo retidas pelo comando. 

Beltrame confirmou que DG foi morto com um tiro. “Não descarto a possibilidade que sejam policiais (os autores do disparo), mas não podemos condená-los ainda. Todas as hipóteses precisam ser investigadas. Preciso de indícios mínimos para afastá-los. Não quero tomar atitudes precipitadas”, afirma, dizendo que ainda não é possível antecipar nenhum juízo de valor. Sobre denúncia da mãe de que o dançarino tinha sinais de tortura no corpo, o secretário disse que o laudo divulgado não permite afirmar que isso aconteceu. Para ele, é necessário aguardar laudo técnico.

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Segundo Beltrame, os policiais estavam na noite de segunda-feira foram chamados para conferir uma denúncia de que um traficante chamado Pit Bull, que seria um dos comandantes do tráfico, estaria em uma localidade da favela chamada quinta estação. Pit Bull já foi preso em 2008, mas recebeu um beneficio judicial e voltou à favela. 

Mãe de Douglas espera que testemunhas divulguem imagens
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Pouco antes do local, os PMs foram surpreendidos com bombas caseiras e revidaram rapidamente. No dia seguinte, PMs da UPP e policiais civis encontraram o corpo. Beltrame diz que quer pressa nas investigações do caso da morte do dançarino. “Vamos acompanhar com rigor essa investigação. Quero transparência e pressa.”

Ação do tráfico

O secretario acredita que o tráfico de drogas está tentando banalizar a atuação das polícias nas comunidades, especialmente nas que já tem UPPs, pois está se sentindo enfraquecido. “Sem dúvida, há por trás dessas ações movimentos arquitetados pelo tráfico de drogas, seja no Pavão, seja no Cruzeiro, seja na favela do Jacaré”, afirmou o secretário, referindo-se a atos de violência relacionados a UPPs de outras favelas do Rio.

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O secretário diz que é difícil treinar homens para trabalhar nas UPPs porque eles têm um ambiente de desordem, sem luz, onde há prédio sobre prédio. Na opinião dele, na Pavão-Pavãozinho existe uma ação de traficantes que querem retomar o tráfico.

“Existe uma ação orquestrada no Pavão do Pit Bull para reaver o tráfico de droga. Mas hoje a polícia está ali. Nós temos indivíduos que estão sendo beneficiados judicialmente e que estão voltando. Essa é uma questão que tem que ser revista.”

Os policiais envolvidos na troca de tiros serão chamados para dar depoimento. A perícia ainda não achou o projétil que teria perfurado o corpo.

Fonte: Terra
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