O Instituto-Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul analisa se o lanche levado por Deise Moura dos Anjos, de 39 anos, à sogra no hospital também estava com arsênio. A análise foi pedida pela Polícia Civil, após pessoas próximas à vítima levarem os alimentos recebidos por Zeli dos Anjos às autoridades.
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A substância usada em um bolo foi encontrada nos exames periciais da família que foi envenenada em Torres, na véspera de Natal do ano passado. Três pessoas morreram e outras três ficaram hospitalizadas. Em coletiva à imprensa, realizada na última sexta-feira, 10, a polícia afirmou suspeitar que Deise tenha cometido outros homicídios e tentativas de homicídio por envenenamento.
A suspeita teria levado os alimentos para Zeli, enquanto ela estava internada no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres. Ao Terra, o IGP confirmou que realiza a perícia dos seguintes itens: um torrone, quatro bombons, quatro barras de cereal, um pacote de biscoito, um chiclete, uma garrafa de suco, um pastel e um canudo.
Essas análises seguem protocolos técnicos rigorosos para identificação de substâncias tóxicas, e ainda não há previsão para a conclusão dos laudos periciais. Ainda segundo o instituto, o caso é tratado com máxima prioridade pelo órgão.
Além do episódio do bolo, Deise também é suspeita da morte do sogro, Paulo Luiz dos Anjos, em setembro do ano passado. O corpo do marido de Zeli foi exumado na última semana, quando a perícia indicou que ele também havia ingerido arsênio. Ela tentou evitar a exumação, conforme a polícia.
“Ela tenta, de todas as formas junto dos familiares, a cremação desse corpo. Não conseguindo isso, ela constrói outros relatos para tentar encobrir a verdadeira causa da morte do sogro. Ela consegue, num primeiro momento, até que ocorre esse envenenamento lá em Torres”, afirmou a delegada Sabrina Deffente durante a última coletiva.
Também nesta semana, a polícia teve acesso à nota fiscal de uma compra de arsênio em nome de Deise. Ao analisar os rastros deixados por Deise na internet, as autoridades descobriram pesquisas mais antigas sobre o arsênio.
De acordo com a delegada Sabrina Deffente, a suspeita pesquisou uma receita de veneno que fosse inodora e sem gosto. Usou termos como ‘veneno’, 'veneno para matar humano’ e foi evoluindo. “Ela chega, então, numa composição química que tenta montar”, esclarece.
A pesquisa segue até ela descobrir o arsênio, fato comprovado pela polícia ao verificar as compras feitas por Deise na internet. “A partir dessa combinação de elementos, ela começa a tentar, então, envenenar familiares”, explica.
Deise foi presa temporariamente no dia 5 de janeiro, sob a acusação de triplo homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e com emprego de veneno, além de tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada. Ela teria comprado a substância e colocado na farinha usada pela sogra, de 60 anos, que preparou o bolo.
As três pessoas que morreram após comer o bolo são as irmãs Neuza Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva, além da filha de Neuza, Tatiana.
Zeli dos Anjos, sogra de Deise e responsável pela preparação do bolo, chegou a ser internada, mas teve alta na última sexta, 10. A criança de 10 anos que também ingeriu o bolo recebeu alta do hospital no último dia 3, conforme informações da Polícia Civil. O marido de Maida também comeu o doce, foi hospitalizado, mas já recebeu alta.