O governador Sérgio Cabral disse neste sábado que, embora esteja acertado com o governo federal que as Forças de Segurança fiquem no Complexo da Maré até o dia 31 de julho, o decreto que institui na área a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), assinado pela presidente Dilma Rousseff, já prevê a possibilidade da ampliação desse prazo de ocupação, "desde que necessário".
Cabral disse, porém, que a intenção é de que o prazo seja cumprido e que já no segundo semestre do ano o governo do Estado inicie a instalação das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas 16 favelas que integram o complexo.
Em entrevista. o governador Sérgio Cabral lembrou as dificuldades que cercam o complexo de favelas que fica às margens da avenida Brasil, a principal via de ligação entre as zonas norte e oeste ao Centro e à zona sul da cidade.
"É preciso ter em mente que o Complexo da Maré é uma cidade dentro da cidade. O Estado do Rio tem 92 cidades e talvez 80% delas não tenham 120 mil habitantes", população estimada do Complexo da Maré. "Então, mais que uma cidade dentro da cidade, a Maré tem regras próprias. É dividida entre facções, milícias, comandos e onde o Estado não está presente para garantir a lei e a ordem."
Na avaliação do governador, a ocupação da Maré será mais uma vitória para o Rio e mais um passo na conquista da pacificação. "Nós estabelecemos na GLO uma solicitação de prazo até 31 de julho para a ocupação, mas já negociamos com o governo federal que, se tiver que ser estendido, assim será".
"Mas o nosso projeto é que essa transição seja feita para que, já no segundo semestre, seja feita para podermos entrar com as UPPs, como foi feito no Alemão", disse. Sérgio Cabral disse que a diferença desta ocupação em relação à ocupações anteriores é que agora a política de segurança do Estado obteve credibilidade junto aos órgãos federais de segurança, ao contrário das vezes anteriores, em que teve de recorrer à ajuda federal.
"Essa é uma etapa nova que me fez lembrar o início do governo", disse. "Na ocasião, nós não tínhamos ainda credibilidade. Me lembro a primeira vez que pedi ao presidente Lula que mandasse para o Rio os ministros da Defesa e da Justiça para nos apoiar numa ação efetiva. E me lembro do ceticismo, da falta de crença, sobretudo das Forças Armadas, com o Rio. E sei que hoje já há uma clara mudança de postura em relação ao Rio."
"A própria reunião com a presidenta foi uma coisa absolutamente tranquila. Com todos naturalmente se colocando à disposição do Rio para nos apoiar no reforço à política do Estado de combate ao crime organizado. De dar resposta ao crime e mostrar que a politica de Estado, de pacificação, de garantir paz à sociedade, é nossa. Mas é também do governo federal." Sérgio Cabral informou que já há todo um planejamento para que os governos estadual, federal e municipal possam ocupar as 16 favelas que integram o complexo da Maré com ações sociais tão logo a região seja ocupada pelas forças de segurança.
"Com certeza já existe todo um planejamento: o governo do estado, a prefeitura e o governo federal vão entrar muito forte com serviços básicos. É todo um conjunto de ações sociais e educacionais que serão introduzidas na Maré - só que a partir de agora com segurança."
As declarações do governador foram dadas no centro do Rio, onde ele, acompanhado do prefeito Eduardo Paes, inaugurou a Biblioteca Parque Estadual. Foram aplicados R$ 71 milhões em obras civis, acervos, equipamentos e instalações da unidade, que passa a ser a matriz da rede de Bibliotecas Parque já implantadas no Rio de Janeiro.
Segundo o governador Sérgio Cabral, o novo espaço é pioneiro no País, já que reúne várias possibilidades de interação do público com a cultura. "Estou muito feliz em entregar à cidade do Rio de Janeiro a Biblioteca Parque do Estado completamente renovada. É um projeto de Glauco Campello, contemporâneo, com o que há de mais moderno no que se refere a espaços públicos de cultura e arte no mundo. E aqui na avenida Presidente Vargas, nesta biblioteca, teremos o livro, uma viagem pela internet e pelo mundo da tecnologia. Esta biblioteca é, de fato, o epicentro de um novo projeto de conceito de biblioteca no Brasil", disse.