Carandiru: advogado diz que perdeu batalha, mas não a guerra

2 abr 2014 - 20h47
(atualizado às 20h51)

O advogado Celso Vendramini, que defendeu os réus do Comando de Operações Especiais (COE) e do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), acusados de participação no Massacre do Carandiru, episódio em que 111 presos foram mortos, em 1992, disse que irá anular os dois júris em que seus clientes foram condenados. Nesta quarta-feira, 15 policiais militares do COE foram condenados a 48 anos de prisão cada um, por quatro mortes.

Vendramini disse que perdeu uma batalha, mas não a guerra. "Continuo dizendo que estou defendendo o bem. Querem acreditar em mim? Isso ainda vai ter muito chão para rodar. Se eu estiver vivo, vou voltar aqui para fazer o júri desses policiais do COE e do Gate novamente", afirmou.

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Para ele, o júri desta quarta-feira terá de ser anulado. "Esse juiz fez o absurdo de liberar uma testemunha numa noite e mandou a testemunha voltar para ser ouvida no outro dia. A testemunha é incomunicável. Ele disse que pode. Ele tem o código de processo penal dele. Esse júri está nulo de pleno direito por culpa do juiz", disse ele.

Vendramini chegou a deixar o plenário durante a leitura da sentença, depois que o juiz Rodrigo Tellini relembrou o episódio em que ele abandonou o júri dos policiais do COE, em fevereiro, mesmo júri que foi realizado nesta quinta-feira.

"Não é momento de ele falar isso porque é uma causa jurídica que será discutida  futuramente. Ele não deveria ter se manifestado nessa situação. Eu não quis ouvir a sentença por ele ter comentado isso em um momento inadequado", disse.

Vendramini disse que os policiais foram condenados sem provas suficientes. "Até agora não entendi que provas foram suficientes para condenar os policiais militares. Não tinha prova alguma contra os policiais. Não tem como individualizar a conduta de cada policial. É um absurdo o que aconteceu aqui. Respeito o posicionamento dos jurados, mas o maior confronto que encontrei nesse processo foi o magistrado", reclamou.

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Relembre o caso

Em 2 de outubro de 1992, uma briga entre presos da Casa de Detenção de São Paulo - o Carandiru - deu início a um tumulto no Pavilhão 9, que culminou com a invasão da Polícia Militar e a morte de 111 detentos. Os policiais são acusados de disparar contra presos que estariam desarmados. A perícia constatou que vários deles receberam tiros pelas costas e na cabeça.

Entre as versões para o início da briga está a disputa por um varal ou pelo controle de drogas no presídio por dois grupos rivais. Ex-funcionários da Casa de Detenção afirmam que a situação ficou incontrolável e por isso a presença da PM se tornou imprescindível.

A defesa afirma que os policiais militares foram hostilizados e que os presos estavam armados. Já os detentos garantem que atiraram todas as armas brancas pela janela das celas assim que perceberam a invasão. Do total de mortos, 102 presos foram baleados e outros nove morreram em decorrência de ferimentos provocados por armas brancas. De acordo com o relatório da Polícia Militar, 22 policiais ficaram feridos.

Fonte: Terra
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